O Ocidente visto do mundo. Por Boaventura de Sousa Santos

“A Europa tem de deixar de pensar que os problemas da Europa são os problemas do mundo”

No Sul21*

Entre 2011 e 2016 realizei um projeto de investigação financiado pelo Conselho Europeu de Investigação. Intitulava-se ALICE – Espelhos Estranhos, Lições imprevistas: Definindo para a Europa um novo modo de partilhar as experiências do Mundo. Nesse projeto, tentei mostrar que a Europa, depois de cinco séculos a procurar ensinar o mundo, se confrontava com um mundo que não tomava em grande conta as lições da Europa e que, em face disso, em vez de propor isolacionismo progressivo, entendia que a Europa devia disponibilizar-se a aprender com o mundo e usar essa aprendizagem para resolver alguns dos seus problemas. A guerra da Ucrânia veio mostrar que as propostas da minha investigação de pouco serviram aos políticos europeus, uma experiência que não é nova para os cientistas sociais. (mais…)

Ler Mais

Construir Desconstruindo Por Candido Grzybowski

No Sentidos e Rumos

As cidadanias ativas se forjam e se renovam na disputa social, a partir dos territórios, afirmando identidade social e, ao mesmo tempo, demando reconhecimento e pertencimento ao coletivo com um todo, com direitos iguais na diversidade. Trata-se de uma prática de liberdade de pensar e agir, para elaborar e disputar narrativas sobre si mesmas e da sociedade como um todo. Assim, se situam no emaranhado de relações, processos e estruturas históricas vividas, suas formas de dominação, exploração e destruição, violência, discriminação e exclusão. No processo se forja a busca da emancipação cidadã indispensável para um agir coletivo. Ao mesmo tempo, para ganhar potência política, a própria prática leva a criar organizações e movimentos sociais, redes, coalizões, partidos, assim como a identificar e qualificar os conjuntos de forças sociais e políticas divergentes e as totalmente opostas. Este processo de pensamento em ação é que pode dar vida e intensidade à democracia, como modo de transformação ecossocial das estruturas e processos políticos e econômicos. (mais…)

Ler Mais

“Se nenhum compromisso for encontrado, sucumbiremos todos juntos”. Entrevista com Noam Chomsky

Aos 94 anos, o famoso pensador estadunidense analisa com rara lucidez as questões políticas, de segurança e ecológicas do conflito na Ucrânia. Uma aula coletiva de geopolítica sem jargões nem demagogias.

por Anne Guion, em La Vie, com tradução do Cepat, em IHU

Ele é um dos maiores intelectuais do mundo. Um dos poucos cujo nome está indissoluvelmente associado à sua disciplina, a linguística, da qual é uma figura de destaque. Mas ele é mais conhecido por seu compromisso político. Nascido em 1928 na Filadélfia, no seio de uma família de imigrantes judeus, de pai de origem ucraniana e mãe belarussa, Noam Chomsky é também um ativista, “anarquista socialista”, como ele mesmo se descreve. À esquerda da esquerda americana. (mais…)

Ler Mais

Estamos vendo uma reconfiguração da ordem mundial. Entrevista com David Harvey

A crise do neoliberalismo está fazendo os bancos capturarem a riqueza coletiva por meio do endividamento e os Estados promoverem guerras e devastação ambiental. Nesta entrevista, o teórico marxista David Harvey reflete sobre o papel geopolítico dos EUA, Rússia e China e aponta para um novo horizonte frente a barbárie para garantir moradia, educação e saúde para todos.

A entrevista é de Estefanía Martinéz, Jacobin, no IHU*

Em todo o mundo, uma gigantesca quantidade de mais-valia é criada através de guerras, expansões extrativistas (e devastadoras) e megaprojetos – totalmente desconectada do bem-estar coletivo e que pode conduzir o mundo a um ponto crítico. É o que aponta nesta entrevista à Jacobin América Latina o geógrafo britânico David Harvey, professor da Universidade da Cidade de Nova York e agraciado com o Prêmio Vautrin Lud, o Nobel da Geografia, em 1995, e autor de livros emblemáticos como Condição pós-moderna e A produção capitalista do espaço. (mais…)

Ler Mais

A inflação de alimentos. Por Jean Marc von der Weid

O governo terá que traçar uma política de importação de alimentos essenciais até que a produção nacional responda a estímulos de expansão

Em A Terra é Redonda

Andei lendo vários artigos e escutando debates e lives sobre o candente tema da taxa de juros Selic e a necessidade de reduzi-la. Em anexo a esta tempestade de opiniões há o quiproquó da autonomia do Banco Central. Talvez não tenha pesquisado o suficiente, mas não consegui encontrar um foco bem definido sobre a origem da nossa inflação atual. Afinal de contas, os remédios dependem do diagnóstico, não é mesmo? (mais…)

Ler Mais

Falso brilhante. Por Esther Kuperman

Há um punhado de homens que conseguem enriquecer
simplesmente porque prestam atenção aos pormenores
que a maioria despreza. (Henry Ford)

NTerapia Política

A independência do Banco Central e a taxa de juros estão na ordem do dia. Tudo indica que esta polêmica vai continuar rendendo manchetes, vai brincar o carnaval e durar ainda um bom tempo. Daí a importância de falar sobre ela. (mais…)

Ler Mais

Freio de arrumação. Por Tarso Genro

Aos 40 dias de Governo pode ser dito que Lula, num “freio de arrumação” deve regular melhor a sua relação com o Ministro da Economia

Em A Terra é Redonda

Giuseppe Volpi, ministro de Benito Mussolini em agosto de 1926 dizia: “o destino do governo está ligado ao destino da lira”. Era nos tempos lentos, nos quais “cada manhã, no mercado de Londres, uma centena de homens enfatiotados em seus trajes cinzentos, herdados de pais defuntos, trocarão liras por libras esterlinas”. Os prejuízos, lucros, dividendos, especulativos ou não, que eram sintetizados em semanas e meses, hoje são desdobrados em minutos e segundos e sua inteligência atravessa o mundo, de ponta-a-ponta: cria glórias, suicídios, fortunas, apropriações indevidas do sangue alheio e golpes de Estado. Assim como Hegel, em 14 de outubro de 1806, viu a “razão à cavalo” na figura de Napoleão Bonaparte atravessando a ponte da pequena cidade de Jena saqueada, a razão – hoje – transita nos trilhões de sinais inteligentes que tornam o mundo “plano” e marcam a decadência das Luzes. (mais…)

Ler Mais