Em ano de pleitos municipais, vale resgatar o conceito emblemático, cunhado pelo filósofo Henri Lefebvre. Mais que algo “jurídico”, ele é a construção do Comum a partir do espaço urbano – e conflito com o capital para o resgate do desejo daqueles que o habita
por Francesco Biagi, em Outras Palavras
Introdução
Henri Lefebvre foi um filósofo e sociólogo urbano que viveu intensamente o “breve século XX”: tinha dezesseis anos quando rebentou a Revolução Russa e morreu aos noventa, dois anos após a queda do Muro de Berlim e alguns meses antes do colapso da União Soviética. A sua longa vida abrangeu quase todo o século XX e não é por acaso que testemunhou os momentos e as questões mais decisivas desse período. Lefebvre inaugurou um tipo de filosofia, seguindo os passos de Karl Marx e Friedrich Engels, capaz de se desenvolver simultaneamente no plano teórico e no plano prático. É possível identificar a caraterística fundamental da sua filosofia na interpretação dos dois filósofos alemães, que se caracteriza pelo apelo constante à união da “teoria” filosófica com a “práxis” política. É sobretudo esta perspectiva que permite ao autor compreender as transformações da sociedade fordista, desde a questão espacial, rural e urbana, passando pela vida cotidiana, até uma teoria geral da política capaz de abarcar toda a análise da modernidade capitalista. (mais…)
