Futuro ministro da Justiça de Lula afirma que não “haverá anistia para terroristas, seus apoiadores e financiadores” após apoiador de Jair Bolsonaro ser preso e confessar ter plantado explosivo em Brasília
DW
O futuro ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou neste domingo (25/12) que os acampamentos bolsonaristas instalados em frente a quartéis das Forças Armadas viraram “incubadoras de terroristas” e que “não há pacto político possível e nem haverá anistia para terroristas, seus apoiadores e financiadores”.
Dino, que vai assumir o cargo em janeiro após a posse de Luiz Inácio Lula da Silva, publicou as declarações em sua conta no Twitter um dia depois de a Polícia Civil do Distrito Federal prender um bolsonarista acusado de plantar um artefato explosivo em uma caminhão-tanque carregado com querosene de aviação em Brasília.
Segundo a polícia, o acusado, um empresário do Pará que se deslocou para a capital federal com um arsenal de armas e tomou parte no acampamento de apoiadores de Jair Bolsonaro em frente ao Quartel-General do Exército, confessou ter plantado o artefato.
O explosivo foi neutralizado pelo esquadrão antibombas da Polícia Militar após o motorista do veículo acionar as autoridades. Junto com o empresário, a polícia apreendeu duas espingardas, um fuzil, dois revólveres, três pistolas, centenas de munições e uniformes camuflados.
O acusado deve ser indiciado por porte e posse ilegais de armas e munições e por crime contra o estado democrático de direito.
“Os graves acontecimentos de ontem em Brasília comprovam que os tais acampamentos ‘patriotas’ viraram incubadoras de terroristas. Medidas estão sendo tomadas e serão ampliadas, com a velocidade possível”, escreveu Dino. “As investigações sobre o inaceitável terrorismo prosseguem. Não há pacto político possível e nem haverá anistia para terroristas, seus apoiadores e financiadores”, completou.
Esse não foi o primeiro ato de violência cometido por bolsonaristas após a derrota do presidente Jair Bolsonaro. Pouco menos de duas semanas atrás, um grupo de bolsonaristas queimou veículos na capital e tentou invadir a sede da Polícia Federal.
Em novembro, apoiadores do presidente também atacaram agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF) com tiros e pedras em Novo Progresso, no sudoeste do Pará. Quase dois meses após o segundo turno, centenas de bolsonaristas permanecem acampados em frente a instalações das Forças Armadas para pedir que os militares dêem um golpe para impedir a posse de Lula.
Em suas mensagens publicadas no Twitter, Dino reconheceu o trabalho da Polícia Civil do DF no caso da bomba, mas cobrou mais ação das autoridades federais. “Ao mesmo tempo, lembro que há autoridades federais constituídas que também devem agir, à vista de crimes políticos”, escreveu.
Desde a derrota de Bolsonaro, o governo federal tem sido acusado de não agir contra atos violentos promovidos pelos bolsonaristas. A Polícia Rodoviária Federal (PRF), que era chefiada até esta semana por um aliado do presidente, foi alvo de críticas por não agir com rigor contra os bloqueios promovidos por extremistas de direita em rodovias federais.
Dino também afirmou que as investigações sobre o episódio em Brasília continuarão com a supervisão do futuro diretor-geral da Polícia Federal, delegado Andrei Rodrigues. “As investigações sobre o inaceitável terrorismo prosseguem. O delegado Andrei, futuro Diretor Geral da PF, tem feito o acompanhamento, em nome da equipe de transição.”
jps (ots)
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