“Negros e escravos na antiguidade”

Por Reginaldo Bispo

Nego-me debater o livro muito criticado de Jose Guimarães Melo. Prefiro discutir o porque da academia e dos acadêmicos historiadores, sociólogos e antropólogos se negarem a tratar de outros assuntos que não fazer releituras da escravidão e do escravismo. Estariam, em cumplicidade e conivência com as elites oligarcas e patrimonialistas brasileiras, tentando acobertar as raízes históricas do próprio progresso, às custas do subdesenvolvimento da maioria do povo, ocultando uma guerra genocida [que dura mais de 160 anos], para eliminar negros e indígenas e construir um mundo exclusivamente seu, classista e branco?

Ultimamente ando de saco cheio com os escravistas acadêmicos, historiadores, só publicando reestudos sobre escravidão. Nenhum, ninguém se propõe a estudar ou escrever sobre a resistência dos negros e indígenas sobre escravismo e racismo.

Não há um estudo sobre as oligarquias de hoje herdeiras do escravismo. Não há qualquer tratado sobre o papel do genocídio que a guerra do Paraguai precipitou para negros e indígenas, ou seu papel no interesse do capitalismo imperialista inglês, na politica de imigração e branqueamento da população brasileira. Nenhuma pesquisa sobre o tratamento de guerra dado aos negros sobreviventes das Guerras do Paraguai, Canudos, da Revolta da Chibata.

Negaram-lhes o trabalho livre, condenando-os à loucura e á cachaça, à indigência de forma planejada, desde os anos 1840, com as sucessivas leis “abolicionistas”, desmoralizando-os [aos homens negros], frente a família e a sociedade, utilizando uma politica de guerra, de total anulação e domínio do derrotado, submetendo as mulheres negras em regime de semiescravidão [como única alternativa de manter a família], sem direitos, mal pagas e sujeitas ao barbarismo de patrõezinhos tarados, canalhas e criminosos.

Ninguém quer estudar as raízes do genocídio racista, profundamente enraizado nos costumes hipócritas judaico-cristão das oligarquias e das elites politicas e econômicas euro-descendentes, herdeiras do escravismo, que marginaliza, reprime e mata, como solução para os problemas sociais que ela mesma criou.

O Brasil de primeiro mundo convive com outro de terceiro, onde o estado, as instituições, as leis e as praticas de repressão, violência e genocídio se moldam aos interesses de perpetuação da hegemonia perversa dos brancos das elites.

Elites essas mais preocupadas em subtrair do povo e da nação cada centavo de riqueza nacional, cada resquício de direito, de dignidade e de humanidade para aumentar e concentrar riquezas, nas mãos de um número cada vez menor de famílias, excluindo a maioria do povo, especialmente os negros e indígenas, através da marginalização e genocídio, na logica capitalista, para construir um país exclusivo, ao invés de uma nação para beneficio de todos os brasileiros.

Há no Brasil uma Guerra Racista e Genocida não declarada, das oligarquias, das elites e das classes médias brancas euro descendentes, uma politica com o propósito de limpeza étnica, para seguir o branqueamento da sociedade brasileira, pensado desde a chegada da família real portuguesa em 1808, melhor elaborada nos 1º e 2º impérios, colocado em prática na Guerra do Paraguai e sacramentado na República, través da exclusão social e politica de negros e indígenas e do genocídio racista dessa guerra, não assumida, da sociedade e do estado brasileiro contra negros e indígenas. Esta a razão do subdesenvolvimento e do atraso da maioria do povo do pais, ainda que esse atraso contemple uma minoria de burgueses e pequenos burgueses brancos com privilégio jamais sonhados pela maioria do povo.

Qual a razão para a academia não tratar desses assuntos, ao invés de continuar de fazendo releituras da escravidão e dos escravizados? Só há uma resposta pra isso… O conluio dos acadêmicos com o projeto de nação burguesa, eurodescendente e racista, voltada para a construção da hegemonia dos herdeiros, brancos dos senhores escravistas e eliminação gradativa da possibilidade de influencia dos negros e indígenas.

Quero história de verdade, a denúncia de traições, de manipulações, de luta e resistência.

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