Intelectuais e artistas, como Chico Buarque, assinam carta aberta pela renúncia de ministro da Cultura na Argentina

Intelectuais, escritores e diversos artistas assinaram a petição endereçada ao presidente Maurício Macri e ao prefeito de Buenos Aires, Horacio Larreta

No Opera Mundi

“Na Argentina não houve 30 mil desaparecidos. Foi uma mentira que se construiu em uma mesa para obter subsídios que eram dados”. Com essas declarações, o ministro da Cultura da Cidade de Buenos Aires, Darío Lopérfido, gerou uma ampla polêmica na Argentina. Na versão do ministro, foram oito mil os desaparecidos. A declaração gerou protestos em diversos setores sociais do país, como a Associação das Avós da Praça de Maio, o Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel e artistas em todo o mundo, entre eles o cantor brasileiro Chico Buarque.

Lopérfido, que também é diretor artístico do Teatro Colón e responsável pelo Festival Internacional de Buenos Aires, fez o comentário durante uma reunião cultural, citando historiadores e escritores que contestam os números. Em entrevista a uma rádio local, Lopérfido disse que o comentário foi retirado do contexto e que citava fontes que considera confiável para basear o comentário.

Ainda assim, um movimento para pedir sua renúncia iniciou-se no país. Uma carta aberta assinada por escritores, músicos, cantores e intelectuais foi endereçada ao presidente do país, Maurício Macri, e ao governador da cidade de Buenos, Aires Horacio Rodríguez Larreta, dizendo que Lopérfido deve renunciar.

Entre os signatários do documento estão o filósofo escritor francês Alain Badiou, o teórico indiano Homi Bhabha, el diretor do Museu Rainha Sofía da Espanha, Manuel Borja-Villel, o crítico alemão Andres Huyssen e os cantores: cubano, Silvio Rodríguez; brasileiro, Chico Buarque e espanhol, Joan Manuel Serrat. Eles consideram a posição do ministro “negacionista” e defensora da tese “dos dois demônios” — segundo a qual os militantes montoneros também mataram e morreram pessoas de ambos os lados.

“Consideramos estas declarações como uma clara tentativa de banalizar e diminuir a importância das atrocidades cometidas nesses anos, como também jogar um manto de descrédito sobre os organismos e as políticas de direitos humanos. Se se trata de números, o compromisso deveria ser de aprofundar e expandir a investigação sobre cada um dos crimes cometidos pelo terrorismo de Estado, determinando responsabilidades e cumplicidades, o que só se consegue ao colocar recursos e políticas à disposição”, dizem.

Eles lembram ainda na carta que o episódio se dá em meio à negativa do presidente Macri de receber os organismos de direitos humanos pessoalmente e diante da série de demissões no setor público.

*Com informações do jornal Página/12

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