Quatro mil indígenas foram mortas ou desapareceram no Canadá em 30 anos, diz ministra

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OTTAWA — Cerca de quatro mil mulheres indígenas teriam sido mortas ou desapareceram nos últimos 30 anos, informou a ministra canadense para Assuntos das Mulheres, Patricia Hadju, com base em uma pesquisa da Associação das Mulheres Nativas do país. O número contradiz um relatório da Polícia Montada Real do Canadá (RCMP) de 2014, que contabilizava 1,2 mil casos do tipo. Embora a escassez de informações dificulte uma estimativa precisa, Patricia considerou quatro mil uma cifra razoável, já que muitos assassinatos não teriam sido investigados pela polícia, nem mesmo registrados.

Se forem adicionados os casos cadastrados como suicídio ou morte natural, mas contestados por apresentarem evidências de que foram homicídios, a estimativa cresce ainda mais. No mesmo sentido, a ministra de Assuntos Indígenas, Carolyn Bennett, considerou que a RCMP fez o seu melhor para enumerar as mulheres indígenas desaparecidas no país, mas ressaltou que relatos da comunidade étnica a fizeram duvidar seriamente das estatísticas. Membros comunitários teriam relatado na véspera da divulgação do inquérito oficial que o número era muito superior a 1,2 mil.

A rede pública de rádio e TV canadense CBC reportou que ativistas do movimento Walk 4 Justice (Caminhe para a Justiça) coletaram ao menos 4.232 nomes de mulheres indígenas desaparecidas ou mortas.

— O problema não é brigarmos sobre os números. É assegurar que a história das sobreviventes e das famílias que perderam um ente querido levem a ações concretas que de fato coloquem um ponto final na vulnerabilidade dessas comunidades — afirmou Carolyn.

De acordo com ela, várias famílias de vítimas querem uma nova análise de casos arquivados pela polícia ou a investigação sobre o paradeiro das mulheres desaparecidas. Ativistas, líderes aborígenes e parentes pedem a abertura de um inquérito nacional há mais de cinco anos — mas o antecessor do primeiro-ministro Justin Trudeau, o conservador Stephen Harper, resistiu aos apelos. Trudeau, por outro lado, situou a causa indígena no topo das prioridades de sua plataforma política e prometeu a melhora nas relações do governo canadense com as comunidades aborígenes.

— As vítimas merecem justiça e as famílias, uma oportunidade de serem ouvidas e superarem a dor. Precisamos trabalhar para terminar com essa tragédia que perdura — afirmou Trudeau.

A ministra da Justiça, Jody Wilson-Raybou, informou que o governo vai entrevistar líderes da comunidade e parentes das vítimas por dois meses, a fim de estabelecer os parâmetros do inquérito, cuja abertura é prometida ainda para 2016.

Segundo a RMCP, mulheres aborígenes têm quatro vezes mais chances de serem mortas ou desaparecem no país em comparação com as demais cidadãs canadenses. Elas são 16% das vítimas de homicídio no Canadá, embora representem apenas 4,3% da população nacional.

Segundo a RMCP, mulheres indígenas têm quatro vezes mais chances de serem mortas em relação a demais canadenses – Foto: Ben Nelms / Reuters

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