O latifúndio ocupado faz parte de um conjunto de fazendas que o proprietário Álvaro Pereira Filho, mais conhecido como Álvino Para Todos, possui nas regiões de Itanhém e Jucuruçu
Do Coletivo de Comunicação do MST na Bahia
Da Página do MST
Nesta sexta-feira (19), cerca de 120 famílias Sem Terra ocuparam a fazenda Changrilá, de 1.400 hectares, localizada no córrego Bom Sucesso, em Jucuruçu, no Extremo Sul baiano.
O latifúndio ocupado faz parte de um conjunto de fazendas que o proprietário Álvaro Pereira Filho, mais conhecido como Álvino Para Todos, possui nas regiões de Itanhém e Jucuruçu.
De acordo com as famílias, os latifúndios de Álvino não cumprem sua função social, principalmente numa região onde existem centenas de famílias desempregadas e em busca de terra para produzirem alimentos.
Os trabalhadores rurais também denunciam os órgãos públicos na região e cobram do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) que as terras sejam desapropriadas, já que o proprietário teria terras improdutivas e realiza práticas de destruição das florestas e da biodiversidade, com queimadas e aplicação de veneno nas terras.
Direitos
O trabalhador João da Silva comenta que na região existe uma prática muito comum de violação aos direitos trabalhistas e exploração dos trabalhadores.
“Nesta fazenda não é diferente. Não se contrata ou registra as carteiras dos trabalhadores, apenas pagam as diárias ou empreitam os serviços temporariamente. Um ou outro funcionário, que tem os registros legalizados com o objetivo de burlarem as autoridades”, explica.
Durante o processo de ocupação da fazenda e a construção do Acampamento Bruna Araújo, os Sem Terra apontaram o modelo de produção do agronegócio como responsável pelo aumento do êxodo rural e nos índices de desigualdades sociais, tendo a juventude do campo e da cidade como as principais vítimas.
Na região, o MST avalia que existe práticas que atentam contra os Direitos Humanos e ferem os princípios da Constituição Federal.
Violência no campo e omissão
Segundo a direção estadual do MST na Bahia, no decorrer do ano de 2015 houve um aumento significativo nos índices de violência no campo e da concentração de terras improdutivas na região de Jucuruçu. Exemplo disso são as ameaças de mortes sofrida por diversos trabalhadores Sem Terra.
Também denunciam que as famílias sofreram quatro despejos violentos e em várias ocasiões foram humilhadas e discriminadas pelos representantes do poder judiciário.
As famílias estão acampadas na fazenda e afirmam que só saíram da área com o decreto de desapropriação.