O ato denuncia às ações da Vale S.A., como o rompimento da barragem de Fundão da Samarco, da qual a Vale é uma das acionistas.
Redação Brasil de Fato
Desde as 5h da manhã desta segunda-feira (7), cerca de 300 mulheres do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra do Maranhão (MST-MA) ocuparam os trilhos da Estrada de Ferro Carajás (EFC) na altura do assentamento Vila Diamante Negro, no município de Igarapé do Meio (MA).
A manifestação é um ato de denúncia às ações consideradas destrutivas da Vale S.A., como o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), da mineradora Samarco (da qual a Vale é uma das acionistas). As mulheres também reivindicam medidas para amenizar o impacto da Vale no assentamento de Vila Diamante e nas demais comunidades do entorno.
Formação
A preparação para o ato começou ontem (6), com um seminário sobre gênero, feminismo e a expansão do capital na região amazônica. “Nós discutimos como essa expansão tem afetado os assentamentos e acampamentos. Além da Vale, tem a Suzano, com sua indústria de celulose, e a produção de carvão vegetal para combustível dos trens. O debate foi para compreender como o projeto da mineração prejudica o nosso projeto de Reforma Agrária”, explicou Maria Divina Lopes, diretora estadual do MST-MA.
“As mulheres são duplamente atingidas na mineração. Primeiro, porque ela aumenta o aliciamento das meninas para a prostituição por conta de uma combinação perigosa: a pobreza das famílias e o aumento do número de homens na região, que vêm sem suas famílias para trabalhar na mineração e na duplicação da EFC. Em segundo lugar, porque essas mulheres veem seus filhos serem feridos por atropelamentos ou pelos acidentes de trabalho”, sintetiza Divina.
Uma das principais reivindicações regionais é a construção de um viaduto que permita a circulação segura das famílias. “A duplicação da ferrovia tem sido causa de vários atropelamento e acidentes de trabalho com os funcionários de Vale. Além disso, ela isola as comunidades, e as pessoas não conseguem transitar com segurança, ou seja, ficam impossibilitadas de ir ao trabalho, a outra comunidade, fazer compras, ter acesso à hospitais e serviços públicos, etc”, descreveu Lizandra Guedes, do setor de educação do MST-MA.
Há ainda outros transtornos como o aumento dos conflitos de terra e os problemas respiratórios causados na população pelo pó do ferro que é transportado. É o que está acontecendo com a comunidade de Piquiá, no municipio de Açailandia (MA). “O Piquiá vai ter de ser reassentada e remanejada daquele local porque as condições de saúde estão impraticáveis”, informou Lizandra.
O ato faz parte da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem-Terra, que começou nesta sexta-feira (4) e termina amanhã (8), no Dia Internacional da Mulher, e tem o objetivo de discutir todas as formas de violência contra as mulheres e compreender os impactos do modelo de desenvolvimento baseado no agronegócio e nos transgênicos na vida das mulheres camponesas.