Nota da comunidade Tekoa Pindó Poty sobre racismo na UFRGS (+ vídeo da manifestação)

Nerlei Kaingang é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo!

Na última quinta feira, dia 31, comunidade universitária, movimentos e organizações sociais realizaram ato de apoio ao estudante de veterinária Nerlei Kaingang no pátio do campus central da UFRGS, no acesso secundário do prédio da Faculdade de Direito. Nerlei Kaingang foi covardemente espancado por seis ou sete estudantes desta universidade no dia 19 de março na entrada da CEU (Casa do Estudante Universitário na Av. João Pessoa em POA) aos gritos de “bugre sujo” e exclamações de “O que esse índio tá fazendo aqui?”. As violências que vitimaram Nerlei foram filmadas pela câmera de segurança e foram divulgadas na web causando comoção e revolta. O ato em apoio a Nerlei realizou uma marcha pelos prédios do campus centro e realizou uma fala em ato da universidade em prol da democracia no Salão de Atos.

Denunciamos que esta agressão é fruto do racismo presente no dia a dia desta universidade e é inclusive acalentado por parcela dos dirigentes do corpo técnico e docente que consideramos autores intelectuais do crime contra Nirlei, uns por incitação direta, outros por omissão pura e simples. Não foi a primeira vez: em 2012 Odalci Kaingang foi humilhado e exposto a um conjunto de ações discriminatórias que inclusive o adoeceram, por professores de diretores da Faculdade de Medicina da UFRGS (ver AQUI)

No ano de 2009 estudantes do Centro de Vivência Libertária do Campus do Vale formalizaram denúncia ao atual PRAE de racismo de funcionário contra estudante negro que após certo tempo, foi engavetada.
Constantemente estudantes negros e indígenas são escorraçados pela segurança universitária nos corredores e nos pátios, nas salas de aulas muitos professores fazem a defesa do fascismo, na web as ofensas histéricas dão o tom, a precarização das bolsas e dos programas direcionados aos cotistas funciona como uma alavanca à desistência e abandono.

A UFRGS deve corrigir essa tragetória. Deve adotar programa direto de denúncias e investigar mesmo todas as denúncias, impor uma efetiva atualização de todos seus professores e técnicos no sentido de ir retirando as práticas discriminatórias e racistas da prática burocrática do quadro funcional. Também deve dar treinamento aos terceirizados em aplicação e distribuição de direitos constitucionais. Deve punir todos os agressores, os estudantes da instituição com expulsão e processo criminal que abarque também os agressores de outras instituições.

A UFRGS deve corrigir essa tragetória. É mais que urgente que a reitoria faça um ato de desagravo e que o reitor representando a comunidade universitária peça desculpas a Nerlei, à liderança de sua Aldeia de origem e às lideranças indigenas da cidade de Porto Alegre. Deve adotar programa direto de denúncias e investigar mesmo todas as denúncias, impor uma efetiva atualização de todos seus professores e técnicos no sentido de ir retirando as práticas discriminatórias e racistas da prática burocrática do quadro funcional e dos conteúdos das disciplinas. Também deve dar treinamento aos terceirizados em aplicação e distribuição de direitos constitucionais. Deve punir todos os agressores, os estudantes da instituição com expulsão e processo criminal que abarque também os agressores de outras instituições.
Além disso a universidade tem que ser estruturada de maneira democrática, isto é, uma pessoa um voto.

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Que a Universidade se pinte de povo!

Filmagem do Coletivo Catarse do Ato em apoio a Nerlei Karingang, estudante indígena da UFRGS que foi violentamente espancado por estudantes da mesma Universidade e da PUC RS e denúncia de outros casos de racismo

Nota enviada para Combate Racismo Ambiental por Jeff Mendes.

Foto: Comunidade Tekoa Pindó Poty.

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