‘O outro lado da cidade-espetáculo’: Radis de agosto analisa impacto urbano da Olimpíada do RJ

por Radis, no Informe ENSP

A edição n°167 de agosto de 2016 da Revista ‘Radis’, que está disponível on-line, analisa o impacto da Olimpíada para o Rio de Janeiro. De acordo com o editorial, megaeventos esportivos são usados como pretexto para impor modelos de reordenamento urbano desde 1992, na Olimpíada de Barcelona, na Espanha. Foi assim em 2014, durante a Copa da Fifa em várias capitais do Brasil, como ocorre agora, com a Olimpíada do Rio de Janeiro. “As alardeadas transformações e modernizações para os jogos olímpicos legaram ao carioca uma cidade ainda mais excludente, desigual e entregue à especulação imobiliária. O modelo de ocupação e mobilidade implantado é voltado para os negócios, em detrimento do interesse e da qualidade de vida da maioria da população, dos transportes de massa e de soluções socioambientais sustentáveis”, atestam pesquisadores, movimentos sociais e moradores ouvidos pelas repórteres da revista Ana Cláudia Peres e Liseane Morosini.

Conforme relata a matéria de capa, moradias, empregos e vidas estão em risco ou foram perdidas num processo truculento de segregação, que o urbanista e professor do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur-UFRJ), Carlos Vainer caracteriza como “cidade de exceção”, numa referência à suspensão de direitos e garantias constitucionais. Já o pesquisador do Observatório das Metrópoles, Orlando dos Santos Junior evoca o direito à cidade e lembra que o número de habitações vazias nas metrópoles brasileiras equivale ao número de pessoas sem teto. Em desvantagem na disputa pelo espaço urbano, há um outro projeto de cidade, mais humana, saudável e solidária, destinada às pessoas, em que o interesse público fala mais alto, registra a matéria.

Ainda segundo a matéria, ao trafegar pela cidade, o morador se depara com um verdadeiro canteiro de obras que incluem desde a construção de instalações esportivas e reforma dos equipamentos até infraestrutura no campo da mobilidade: modernização e expansão do metrô, construção de corredores de ônibus e de sistemas de transporte urbano, obras viárias e reformas de aeroporto. “O Comitê Popular da Copa e Olimpíadas, fruto de uma articulação de organizações populares e sindicais, pesquisadores e atingidos pelas obras dos megaeventos, que atua no Brasil desde 2010 estima que, no Rio de Janeiro, por razões direta ou indiretamente vinculadas às intervenções do Projeto Olímpico, pelo menos 4.120 famílias já foram removidas de suas comunidades e 2.486 permanecem ameaçadas de remoção.”

A urbanista e professora da Universidade de São Paulo (USP), Ermínia Terezinha Menon Maricato, durante uma palestra realizada na ENSP, citou o exemplo do Porto Maravilha, projeto de requalificação da região portuária do Rio, como um emblema dessa cidade-espetáculo que nega a tragédia urbana varrendo para as margens da cidade tudo o que não cabe no mercado imobiliário.

Para a reportagem O risco da superação, o editor da Radis, Adriano De Lavor entrevistou desportistas e profissionais de Educação Física sobre os impactos à saúde provocados por treinamentos exaustivos, lesões, dedicação extrema e pressão psicológica a que estão submetidos os atletas de alto rendimento. “Nos esportes olímpicos ou no futebol profissional, a maioria permanece mal remunerada ou fica pelo caminho com suas frustrações e sequelas. A cultura da superação de limites a qualquer custo, além dos danos que causam no ambiente olímpico, dissocia a atividade física da saúde, quando reproduzida nas práticas esportivas de pessoas comuns.”

O perigo no ar é o título da matéria sobre o benzeno, um dos compostos aromáticos da gasolina que tem propriedades que levaram a Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (Iarc), da Organização Mundial da Saúde, a incluí-la no grupo 1 (nível mais alto) das cancerígenas. A pesquisadora do Centro de Estudos da Saúde do Trabalhador e Ecologia Humana da ENSP, Rita Mattos, em entrevista ao repórter Bruno Dominguez, opina que apesar do avanço das leis, é necessário aumentar a informação da população para a exposição, para que as leis sejam cumpridas também pelo pedido dos próprios usuários e frentistas.

Leia essas e outras matérias na íntegra na Radis de número 167.

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