Por Miriam Hermes, A TARDE
Comunidades que dependem das águas do rio São Francisco e o Comitê da Bacia Hidrográfica do referido curso d’água (CBHSF) comemoraram a confirmação de que, a partir desta quinta-feira, 1º, ocorre o aumento da vazão mínima defluente da barragem de Três Marias, em Minas Gerais, dos atuais 388 m³/s para 430 m³/s.
“Com isto esperamos que o lago de Sobradinho tenha novo fôlego”, diz o secretário do comitê, Maciel Oliveira, que participou de reunião técnica na Agência Nacional de Águas (ANA), em Brasília, onde houve o anúncio.
Boletins da ANA apontam que o lago de Sobradinho está com 15,44% da capacidade de reserva útil, com vazão média afluente (entrada) de 350 m³/s e vazão média defluente (saída) entre 820 m³/s e 840 m³/s.
Oliveira salienta que a situação “é crítica”. O período é de seca e está entrando menos da metade da água no lago do que é liberado, com perspectivas de chegada, nos próximos meses, muito próximo do volume morto, como ocorreu no mesmo período em 2015, quando chegou a menos de 1%.
“Esperamos que a vazão aumentada siga até o fim de outubro”, diz Oliveira, destacando que, a partir daí, deve começar a chover nas cabeceiras dos afluentes do São Francisco, recompondo o volume do lago.
De acordo com nota da ANA, a gestão da barragem de Três Marias é da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig), também parte do CBHSF, mas que ainda não há data para uma nova alteração da vazão.
Enquanto a maior liberação de água é aguardada pelos baianos, especialmente os que vivem nas margens do rio, usuários e pesquisadores se preocupam com a possibilidade de uma redução defluente de Sobradinho para 700 m³/s, embora a vazão esteja mantida em 800 m³/s até o fim deste mês, quando expira a autorização do Ibama. Esta foi a vazão mínima já autorizada em toda história.
Redução
Representantes do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e da Companhia de Energia Elétrica do São Francisco (Chesf) defendem uma nova redução de vazão em Sobradinho.
De acordo com o diretor de operações da Chesf, João Franklin, estudos do ONS apontam que a crise hídrica poderá se agravar, o que pode gerar situação mais crítica que em 2015. “Por isso a redução preventiva é necessária”, argumenta.
A ANA informa, em nota, que só o Ibama pode autorizar essa redução. Em parecer técnico emitido pelo Ibama de Sergipe, com base em estudos das universidades federais de Alagoas (Ufal) e de Sergipe (UFS), são citados diversos fatores negativos de uma possível redução do volume nas barragens, não só Sobradinho (entre a Bahia e Pernambuco), mas também em Xingó (entre Alagoas e Sergipe).
O órgão detalha em laudos a perda da qualidade da água desde 2013, quando a redução da vazão defluente do Sobradinho chegou a 800 m³/s, ressaltando a concentração de cianobactérias, tóxicas, e outros seres vivos, bem como a necessidade da água para múltiplos usos.
A decisão final do Ibama não foi divulgada.
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Imagem: Expectativa é que vazão do rio São Francisco seja mantida até o mês de outubro – Miriam Hermes l Ag. A TARDE
Enviada para Combate Racismo Ambiental por Ruben Siqueira.