No MAB
Na noite dessa última terça-feira (4), cerca de 200 moradores da comunidade Independente 1 ocuparam o escritório da Casa de Governo, em Altamira (PA), para pressionar o governo federal e Consórcio Norte Energia a reconhecê-los como atingidos pela Usina Hidrelétrica Belo Monte.
“As famílias da comunidade foram impactadas três vezes por Belo monte, o primeiro foi o fato de sermos empurrado para a Lagoa do Independente 1 por causa da super-inflação imobiliária causada por Belo Monte; o segundo impacto foi porque a Norte Energia mudou o sistema de captação de água da cidade tirando o encanamento que passava no meio da comunidade e nos deixando sem abastecimento de água; e o terceiro impacto é o alagamento permanente da estrutura que sustenta as nossas casas, fato devido à operação comercial de Belo Monte”, afirma Izan Passos, militante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e morador da comunidade.
As famílias ocuparam a Casa de Governo ontem para pressionar que o acordo realizado na negociação da segunda-feira passada (26 de agosto), quando os atingidos ocuparam a sede do IBAMA, fosse cumprido. A Casa de Governo havia prometido levar à Altamira um representante do governo federal para abrir uma mesa de negociação com as famílias para resolver esse caso.
Ontem foi a Altamira o secretário adjunto de articulação social, Cláudio Cavalcante Ribeiro, e um representante do Ministério das Cidades. Além dos dois, participaram da reunião a representante da Casa de Governo, Elizângela Trzeciak, e o chefe do escritório especial do IBAMA, Hugo Loss. Os órgãos do governo federal visitaram a comunidade para ver os impactos causados por Belo Monte. No fim da tarde, houve a reunião com a coordenação da comunidade e o restante da população ocupou o prédio da Casa de Governo.
Após uma longa reunião, foi encaminhado que haverá uma mesa de negociação em Brasília (DF) com vários órgãos do governo federal, como Ministério Público Federal, Defensoria Pública da União, além do Consórcio Norte Energia e o MAB, para resolver o caso. Também ficou acertado a vinda de um representante do Ministério da Casa Civil e Norte Energia, que se reunião na comunidade para apresentar o parecer se as mais de 500 famílias que ainda vivem no local serão de fato consideradas atingidas.
Depois de mais de seis horas de ocupação, as famílias desocuparam a Casa de Governo por volta das 23 horas, mas prometeram intensificar as mobilizações caso não haja respostas do governo.