Alunos de colégio particular de Salvador usam roupa de organização racista em evento

Colégio se manifestou afirmando que repudia ação e que jovens “podem se equivocar”

No Correio 24 horas

Um evento em um colégio particular de Salvador teve estudantes fantasiados de integrantes da Ku Klux Klan, organização racista dos Estados Unidos. Em uma das imagens, um aluno chega a fazer um sinal que lembra a saudação ao ditador nazista Adolf Hitler. As fotos foram feitas durante uma atividade chamada de “Mico”, de alunos do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Anchieta, na Pituba.

No Dia do Mico, os alunos escolhem o tema e quem quiser participar vai vestido de acordo com a temática. Na quarta-feira (7), a temática era “Tribos Urbanas”. A “fantasia” de dois dos alunos era a roupa da organização supremacista Ku Klux Klan, que promove a superioridade dos brancos e praticava atos contra negros nos EUA.

>As fotos circularam nas redes sociais, causando em sua maioria indignação – caso similar à festa “Se nada der certo“, que aconteceu no Rio Grande do Sul. “Foi horrível ver no intervalo três meninos vestidos de KKK, foi uma sensação enorme de angústia e tristeza”, escreveu uma estudante. “O pior é que os garotos estavam cheios de orgulho desfilando dentro e fora da escola com essa fantasia. Fiquei extremamente incomodada”, narrou a mãe de um aluno.  Um ex-aluno pediu posicionamento forte da escola. “Queria saber se o Colégio Anchieta, do qual me bateu uma grande vergonha de ser ex-aluno, tomou alguma providência quanto aos imbecís juvenis que acharam uma boa ideia fazer apologia a KKK e ao nazismo”.

O vereador Silvio Humberto (PSB) reproduziu as fotos. “É irreverência juvenil os alunos de um colégio tradicional de Salvador usarem roupas da Ku Klux Klan para um “mico” no terceiro ano? Não! Isso tem nome e sobrenome: Racismo. O ódio racial, responsável pelos linchamentos dos afro-americanos que Billy Hollyday imortalizou com a música ” strange fruit”: fruta estranha”, escreveu. Nos comentários, várias pessoas afirmaram que essa não teria sido a primeira vez que um fato do tipo aconteceu.

Nesta quinta-feira, o Anchieta divulgou comunicado repudiando a atitude. Na nota, o colégio afirma que o objetivo da atividade é “descontração” e que as fantasias usadas foram “incoerentes” com essa intenção e com a filosofia do Anchieta. “Contudo, como educadores, sabemos que no trabalho com jovens, vez por outra, eles podem se equivocar no agir e no pensar, o que requer nossa orientação como parte efetiva de intervenção no mundo adolescente, fase em constante formação”.

O texto diz ainda que o Anchieta “não comunga” com as encenações, sejam quais forem as intenções destas. “Não queremos minimizar os fatos”, segue o texto. O colégio finaliza afirmando que está mobilizado e refletindo acerca do acontecimento, “trabalhando com os alunos na viabilização de encaminhamentos” sobre o fato.

“Se nada der certo”

A festa “Se nada der certo” aconteceu em um colégio particular no Rio Grande do Sul. Como o nome sugere, era um evento que a fantasia deveria ser de alguém que não “deu certo”. As roupas escolhidas foram de vendedores, ambulantes, porteiros e diaristas, entre outros, o que gerou inúmeras críticas nas redes sociais.

No mesmo dia que as fotos foram divulgadas, Marcio Ruzon, que é filho de um porteiro, publicou em seu Facebook uma carta aberta aos alunos.

“Meu pai aposentou-se como porteiro. O mesmo que vocês têm aí na entrada do Colégio, que os pais ‘que deram certo’ passam e nem cumprimentam”, diz o texto. “O que meu pai recebia de salário era uma mensalidade que as famílias ‘que deram certo’ pagam pra vocês ensinarem essa ética (ou falta dela) aos estudantes”, continua Marcio.

“Meu pai não deu certo. Criou três filhos junto com a minha mãe que ficava apreensiva em casa: -” Será que ele volta?” Porque meu pai pegava estradas perigosas de madrugada, aliando-se ao fato de muitas vezes cuidar de galpões abandonados, que era alvo de bandidos. Mas ele não deu certo”, escreve Marcio.

“Conseguiu sustentar 3 filhos (e minha mãe administrando como uma Economista) com pouco mais de um salário, hoje todos bem e com família, mas infelizmente ele não deu certo. (..) Meu pai tem um Palio que vive quebrando, e mesmo debilitado pela idade, levava todos os netos às escolas públicas. Levava e buscava. Mas, que pena! Meu pai não deu certo”.

[Leia o texto completo AQUI. Vale!]

 

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