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A presidente da República do Chile, Michelle Bachelet, pediu perdão, em nome do Estado, ao povo indígena mapuche pelo que defeniu como “erros e horrrores” cometidos pelas autoridades. Bachelet disse também que o Chile falhou “como país” e que esperava conseguir mudar as relações do Estado daquele país latino-americano com os povos indígenas.
As declarações da presidente chilena tiveram lugar durante a apresentação do chamado Plano de Reconhecimento e Desenvolvimento para a região de La Araucanía, situada no centro do país e onde mais de 20% da população se identifica como pertencendo a uma das etnias indígenas chilenas, principalmente mapuche. La Araucanía é uma das 15 regiões administrativas que compõem o Chile.
O plano, dado a conhecer esta sexta-feira pela presidente chilena, compreende nove medidas para reparar a situação em que vivem as comunidades mapuches chilenas, nomeadamente a pobreza. Deverá ser aprovado através da chamada Lei Araucanía, que deverá dar entrada no Congresso Nacional os próximos dois meses.
Como Presidenta de la República, pido humildemente perdón al Pueblo Mapuche y a las víctimas de la violencia rural. Hemos fallado como país.
— Michelle Bachelet (@mbachelet) 23 de junho de 2017
O objetivo é o reconhecimento dos direitos dos mapuches na nova Constituição, assim como a garantia da sua representação política.
Foram definidas medidas económicas destinadar a compensar todos os afetados por anos de discriminação, assim como medidas orientada para o desenvolvimento das regiões onde vivem mais comunidades como os mapuche.
Serão criados o Ministério dos Povos Indígenas e o Conselho dos Povos Indígenas, assim como um comité governamental para o registo de terras e para o acesso a água potável por parte das comunidades locais. Dia 24 de junho fica definido como o dia da Comemoração dos Povos Indígenas do Chile.
Há várias décadas que as comunidades mapuches da região de La Araucanía reclamam ao Estado a restituição das suas terras, expropriadas e entregues a empresas que as exploram, o que provocou confrontos entre mapuches e as autoridades.
A ação da polícia chilena foi criticada pelo Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Zeid Raad al-Hussein, pelo que definiu como a repressão de homens, mulheres e crianças indígenas.
As Nações Unidas criticaram também as profundas desigualdades de que sofrem os povos indígenas chilenos, nomeadamente no que diz respeito ao acesso a bens e necessidades básicas, como a água potável ou a habitação digna.
Gesto louvável! Espero que seja um pedido de perdão oficial e não somente uma estratégia de marketing em mídia social e que seja um pedido de perdão do Estado Chileno.
Aqui no Brasil isso está longe de acontecer. Mas se os ex-presidentes do país seguissem esse e outros exemplos públicos de admissão de culpa como parte da cultura política, já seria um começo.
Como sabemos todos os ex-presidentes vivos devem desculpas aos povos indígenas, tradicionais e ao povo negro no Brasil.
Cláudio Teixeira