Estudantes do CIFCRSS trabalham na produção de hortaliças no Centro Regional Lago Caracaranã/Raposa Serra do Sol

Conselho Indígena de Roraima – CIR

Depois do intercâmbio na comunidade indígena Aningal, região do Amajari, no mês de dezembro do ano passado, 10 estudantes do Centro Indígena de Formação e Cultura Raposa Serra do Sol (CIFCRSS), realizam agora intercâmbio, ou período de alternância como é também chamado, no Centro Regional Lago Caracaranã, região da Raposa, Terra Indígena Raposa Serra do Sol. Os estudantes estão no Centro Regional desde o mês de janeiro.

Os estudantes do 2º ano, turma de 2017, com a orientação e acompanhamento do professor e ex-aluno do CIFCRSS, Técnico Agropecuário Gestão e Manejo Ambiental, Alcebias Mota Constantino, desenvolvem atividades de produção de hortaliças. A produção que será apresentada na 47ª Assembleia Geral dos Povos Indígenas de Roraima, confirmada para o período de 10 a 15 de março desse ano.

Entre os estudantes, Renan Gabriel de Souza, do povo Macuxi, da comunidade indígena Bem Viver, região das Serras que enviou informações direto do Centro Regional para o CIR, falou da importância do período de alternância tanto para a formação técnica quanto para a formação de lideranças indígenas, conforme um dos objetivos do Centro de Formação. “A nossa primeira alternância aqui na região da Raposa é importante para os nossos conhecimentos tanto no lado profissional quanto pessoal, onde isso nos ajuda na formação técnica e formação de lideranças indígenas também” disse Renan.

Com o apoio da coordenação regional da Raposa, a turma se sente bastante motivada e empenhada nos trabalhos, segundo Renan. “A coordenação regional e as comunidades indígenas estão nos apoiando e isso motiva a turma que está bem empenhada, trabalhado de forma coletiva e, assim, buscando também mais histórias e conhecimentos dessa região que nos acolhe” relatou Renan.

Para o professor e ex-aluno, Alcebias Mota Constantino, do povo Sapará, da comunidade indígena Barro, região Surumu a experiência de acompanhar os estudantes está sendo nova porque o mesmo na época da formação não teve esse acompanhamento direto, como os estudantes estão tendo nos dias de hoje. “Minha experiência enquanto aluno do Centro anos atrás é que primeiro não tive um professor de forma direta, me acompanhando nas atividades de alternância para esclarecer algumas dúvidas, principalmente, atividades realizadas nas comunidades indígenas, e agora com eles, alunos, estão sendo assessorados de forma direta, tanto na área de campo, criação, plantação e quanto na organização social de cada evento, reunião, ou até mesmo nas comunidades” contou Alcebias.

Alcebias também destacou que o Centro de Formação está sendo contemplado com os novos estudantes, que são bastante empenhados nas suas atividades. “Digo que o Centro de Formação está sendo contemplado com esses estudantes que são empenhados nas suas atividades, mesmo sendo poucos, mas eles fazem a diferença tanto na forma de trabalho quanto na organização social dessa região e, assim, onde forem com certeza farão a diferença porque estão se formando na área técnica de campo, mas também formando em lideranças para junto com as suas comunidades indígenas desenvolverem as atividades que necessitarem” relatou o jovem professor Alcebias com expectativas de entregarem o projeto à grande Assembleia Geral dos Povos Indígenas de Roraima em março.

O Centro Regional Lago Caracaranã inaugurado no mês de setembro de 2016 é o segundo construído na Terra Indígena Raposa Serra do Sol e um dos centros contemplados com o projeto de construção e estruturação de centros executado pelo Conselho Indígena de Roraima (CIR) com o apoio da entidade parceira Embaixada da Noruega.

Sendo o mais estruturado, o Centro Regional Severino A. Constantino, como foi batizado pelas comunidades indígenas, hoje é referência de trabalho e ações das comunidades indígenas da região da Raposa na área de educação, saúde, sustentabilidade, cultura e demais atividades externas, como reuniões, seminários, encontros e outros eventos.

Depois da construção e estruturação do Centro, que hoje atende a maior parte dos trabalhos da região, as lideranças trabalham na construção do refeitório e agora, com a produção da horta juntamente com os estudantes do Centro de Formação.

Para o coordenador regional da Raposa, Valério Eurico, do povo Macuxi, da comunidade indígena Raposa II, no cargo há dois anos e reeleito no final do ano passado para um mandato de mais dois anos, avaliou a iniciativa importante porque é uma forma deles, enquanto lideranças indígenas, coordenadores, verem o trabalho, a formação dos alunos, nas regiões e não somente no Centro. “Esse intercâmbio vindo para a nossa região foi muito bom e importante, porque estávamos precisando disso, nos comunicar e ver o trabalho da escola nas regiões. Então, hoje, está funcionando esse intercâmbio, estamos com os alunos aqui na nossa região da Raposa” avaliou o coordenador, satisfeito, pela oportunidade de dar apoio aos alunos, sobretudo, ao Centro Indígena de Formação, que precisa do fortalecimento e apoio da base.

O coordenador reforçou que a produção de hortaliças não será somente para exposição durante a Assembleia, mas será uma produção permanente para consumo e comercialização da própria região e comunidades indígenas.

O Conselho Indígena de Roraima (CIR), como organização indígena proponente do Centro Indígena de Formação na atual coordenação tem se dedicado a apoiar e dar suporte para que iniciativas como essas que partem, sobretudo, dos próprios estudantes, possam cada vez mais se fortalecer e contribuir com o processo de formação técnica, política e social de jovens indígenas que encaram o desafio em prol das suas comunidades e povos indígenas.

Fotos: Renan Gabriel/ Estudante do CIFCRSS

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