Dois anos do Golpe

Por ASFOC – Sindicato dos Trabalhadores da Fiocruz

 Dois anos de golpe. Muita tristeza e nada a comemorar. O balanço é extremamente negativo. Uma rápida busca na memória deste período nos mostra o desastre humano representado pelo desmonte de grande parte dos direitos da cidadania conquistados na redemocratização e na Constituição de 1988. Um desastre promovido pelo grande capital financeiro, por um governo de aluguel que não passou pelo crivo das urnas e por um conjunto de parlamentares que envergonhariam qualquer país minimamente civilizado.

A volta do país ao mapa da fome, a Reforma Trabalhista que retirou direitos, a entrega do pré-sal, o desemprego, o avanço do processo de desindustrialização, o fim dos investimentos públicos, o congelamento de salários, a entrega da Embraer, o enfraquecimento dos BRICS, a volta do país a uma posição subalterna e subserviente em relação aos EUA, o crescimento da miséria, da violência e da intolerância, a quebra das grandes empreiteiras nacionais…essas são apenas algumas das consequências nefastas do golpe imputado contra a ex-presidente Dilma Rousseff, retirada do poder há exatos 2 anos.

O Brasil conheceu, neste período, a canalhice sem fim daqueles que a derrubaram sob o pretexto de ter realizado as famosas “pedaladas” fiscais – atrasar de forma proposital o pagamento a bancos públicos e privados. No caso específico, utilizado num curtíssimo período de tempo, e para favorecer o repasse de recursos a programas sociais. Recurso largamente utilizado por gestores públicos e que, dias depois do golpe, foi legalizado.

Cunha foi preso (mas sua mulher nada pagou pelo uso escandaloso de recursos desviados do erário público). Aécio Neves, vendido como exemplo de político eficiente e empreendedor, amarga atualmente o ostracismo e, assim como muitos de seus aliados, teme ser alcançado pelo braço da lei. Temer, apesar de todo o apoio midiático, chegou à maior rejeição de um ocupante da cadeira de presidente. Todo o círculo íntimo da Presidência foi pego em falcatruas envolvendo malas de dinheiro, conversas gravadas (incluindo o próprio Temer), cenas patéticas de vídeos mostrando corruptos como Loures em ação.

Vimos também a proteção que canalhas ofereceram a outros canalhas não autorizando que se abrissem processos contra aqueles pegos pela investigação. Testemunhamos delatores sendo liberados após cumprirem o roteiro que lhes foi oferecido. A violência que cotidianamente vitima nossas comunidades e a sociedade como um todo, assumiu uma face mais explicitamente política com o assassinato da vereadora do Rio Marielle Franco.

E, por último, assistimos à condenação do ex-presidente Lula, amplamente questionada por inúmeros juristas, tanto do Brasil quanto do resto do mundo, que apontam graves e gritantes problemas na condução do processo e da sentença que o levou à prisão. Ninguém está acima da lei. Todos merecem um julgamento justo. Não se pode admitir uma perseguição executada por um Judiciário que demonstra forte ativismo político. Cresce a indignação internacional, a exemplo do Prêmio Nobel da Paz Adolfo Pérez Esquivel e tantas outras personalidades e instituições de países de todos os continentes.

Apesar do intenso trabalho da mídia em procurar esconder a arbitrariedade e saque aos recursos nacionais, o mundo assiste estarrecido o abismo que cavamos para nos separar da civilização e da democracia.

Por conta disso tudo, não podemos nos omitir. Temos que ir às ruas denunciar o que está acontecendo no país. Em defesa de nossa soberania, do Sistema Único de Saúde, pelo bem-estar de toda a sociedade. Contra a exploração. Contra a injustiça. Contra o obscurantismo. Contra a barbárie. Asfoc na luta sempre. MARIELLE PRESENTE! LULA LIVRE!

Diretoria Executiva Nacional da Asfoc-SN

Enviada para Combate Racismo Ambiental por Alenice Baeta

Foto: Marcos Pimentel/AFP

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