Incra identifica e delimita território da comunidade quilombola Morro do Boi/SC

Incra/SC

Nesta quinta-feira (28), a Superintendência Regional do Incra em Santa Catarina tornou público, com a publicação de edital no Diário Oficial da União, o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) da comunidade Morro do Boi, localizada em Balneário Camboriú/SC. O ato significa mais uma etapa cumprida no processo de regularização do território de cerca de 10 hectares que abriga 11 famílias. 

Esta fase visa a notificação de proprietários de terras que tenham divisas com a comunidade (confrontantes) e órgãos públicos interessados, dando a oportunidade para que estes conheçam e se manifestem no processo. É estipulado o prazo de noventa dias para que sejam feitas as possíveis contestações. A partir daí, abre-se caminho para a publicação de portaria pelo Incra que reconhece definitivamente os limites do território.

O passo seguinte é a publicação de Decreto Presidencial declarando a área de interesse social para criação do território, com autorização para desapropriação dos imóveis inseridos no perímetro do território quilombola. Após indenização aos proprietários, as famílias remanescentes de quilombos recebem o título de propriedade coletivo de suas terras em nome da associação comunitária local.

Histórico

A comunidade Morro do Boi é composta por descendentes do escravo Eleodoro Pedro José, cuja família reside nas terras que pertenciam a proprietários de escravos desde fins do Século XIX. A área hoje integra espólio e sofreu significativo impacto na época da construção e pavimentação da Rodovia BR-101, em fins da década de 1960, cujo traçado transpassou a área em suas extremidades norte e sul. A construção e o tráfego ocasionaram isolamento e abandono de parte da área por famílias quilombolas que ali viviam e cultivavam, sem que houvesse qualquer indenização.

A regularização do território significa o reconhecimento público de sua identidade étnica, ancestralidade negra e preservação do patrimônio histórico e cultural, ameaçado pela crescente especulação imobiliária na região. Além disso, a definição do território será importante para o plano diretor do município de Balneário Camboriú, que pretende criar no entorno uma Área de Proteção Ambiental (APA).

Comments (5)

  1. Patrícia, se quiser, posso lhe mostrar quando estiveres aqui. Até para residentes de Camboriú é difícil localizarem.

  2. “O passo seguinte é a publicação de Decreto Presidencial declarando a área de interesse social para criação do território”
    Infelizmente com o atual presidente, vai ser difícil acontecer.

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