Por Ana Carolina Aleixo Vilela, ASCOM/FUNAI
São regiões de difícil acesso, mas a equipe da Funai percorreu mais de 180 quilômetros em embarcações pelos rios, caminhonetes por estradas de terra, motos em trilhas fechadas e outros 120 quilômetros a pé, dentro da mata densa. E foi nesta última, mais especificamente nos afluentes dos rios Jutaí e Juruazinho, no estado do Amazonas, em que são constatadas evidências da movimentação de índios isolados.
Toda essa ação da Funai é feita para cumprir o trabalho de proteção de índios isolados, relatado pela expedição de “Monitoramento da Presença de Índios Isolados no Rio Juruazinho”, realizada entre os dias 16 de julho e 1º de agosto pela Coordenação da Frente de Proteção Etnoambiental Vale do Javari (FPEVJ), por intermédio de seu Serviço de Proteção em Eirunepé-AM.
O rio Juruazinho compreende o limite sul da Terra Indígena (TI) Vale do Javari e norte da Terra Indígena Mawetek. A TI Vale do Javari é a segunda maior do país e está localizada no sudoeste do Amazonas, na fronteira entre o Brasil e o Peru. Ocupada por seis povos contatados (Matsés, Matis, Marubo, Kanamari e Kulina-Pano), dois de recente contato (Korubo e Tsohom Djapa) e dezesseis registros em estudo de índios isolados (sendo 11 confirmados), ela possui a maior quantidade de registros confirmados de grupos de índios isolados do país. Já a TI Mawetek é de usufruto exclusivo do povo Kanamari e está inserida nos afluentes que formam o rio Juruá, próximo a cidade de Eirunepé, sendo contígua ao limite sul da TI Vale do Javari.
A atividade contou com a participação da Polícia Militar do Amazonas na etapa de fiscalização e, na expedição de monitoramento de índios isolados, teve a colaboração de indígenas Kanamari, que ocupam ambas as terras indígenas, e são profundos conhecedores dessa região.
A equipe encontrou provas e registrou a presença assídua de caçadores em diversos igarapés afluentes do rio Juruazinho. Duas equipes de caça que se encontravam próximas aos limites da TI Vale do Javari foram flagradas com ilícitos ambientais, sendo realizada a apreensão e soltura de animais vivos.
Um proprietário de terras da região, que pretendia ocupar ilegalmente parte da Terra Indígena Mawetek, foi advertido pela equipe da Funai, assim como outros dois proprietários de fazendas de gado foram notificados formalmente com prazo para retirada de seus bens e correção de suas cercas de acordo com os limites da Terra Indígena Mawetek.
“Essa é a terceira expedição terrestre de monitoramento dos índios isolados em menos de um ano nessa região. Outros dois sobrevoos também foram realizados nesse período. A proposta é manter um trabalho contínuo da FPEVJ, a partir de Eirunepé-AM, ampliando-o para outras áreas de circulação dos Índios Isolados no alto curso dos rios Jutaí e Itaquaí. A vigilância e fiscalização devem ser intensificadas na região para coibir a ação de infratores e garantir a posse plena do território pelos indígenas”, afirmou Vitor Góis, servidor da Funai que coordenou os trabalhos em campo. As atividades contaram com apoio local das da Coordenação Regional do Juruá/Funai, em Cruzeiro do Sul (AC), e da Coordenação Técnica Local da Funai em Eirunepé (AM).
.
*Com informações da Coordenação Geral de Índios Isolados e de Recente Contato
Foto: machado desgastado amarrado com fibra vegetal: Foto: Acervo Funai 2017
***
Abaixo, vídeo divulgado também ontem pela Funai, mostrando indígenas em isolamento voluntário. O filme foi feito com a utilização de drone, no Vale do Javari: