Incra/BA
Três relatórios antropológicos relacionados a seis comunidades quilombolas foram doados à Superintendência Regional do Incra na Bahia, dia 6 de dezembro. As áreas estão situadas no município de Cachoeira, que fica no Território de Identidade do Recôncavo Baiano.
As comunidades contíguas de Kalolé, Imbiara, Tombo e Palmeira tiveram o relatório produzido pelo Núcleo de Pesquisa ObservaBaía da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH), da Universidade Federal da Bahia (UFBA).
Os outros dois documentos foram doados pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), com apoio da Organização Não-Governamental italiana COSPE (sigla que significa Cooperação para o Desenvolvimento dos Países Emergentes, em livre tradução). Os relatórios beneficiam as comunidades do Engenho da Cruz e Engenho Novo.
O chefe de gabinete da regional baiana, Lauriano Palma, agradeceu a iniciativa das universidades. “É um grande desafio a realização da regularização fundiária de territórios quilombolas e os relatórios antropológicos são peças fundamentais no cumprimento das etapas necessárias. As contribuições da UFBA e UFRB são de grande valia”, ressaltou Palma.
Comunidade e Universidades
O reitor da UFRB, Silvio Soglia, presente na entrega dos documentos, destacou que as elaborações dos relatórios representam o papel de colaboração com o desenvolvimento local e regional da sociedade. “Essa é uma parte da colaboração que as universidades podem oferecer às comunidades”, acrescentou Soglia.
Já a diretora da Faculdade de Filosofia da UFBA, Maria Hilda Paraíso, lembrou do delicado trabalho que é a elaboração de um relatório antropológico. “Trata-se de um laudo que tem o papel de resgatar os direitos e a autoestima das comunidades, transformando-as numa realidade melhor”, disse Maria Hilda.
Avanços
Segundo o chefe da Divisão de Ordenamento da Estrutura Fundiária do Incra na Bahia, José Vasconcelos, até o fim des dezembro, o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) das comunidades Kalolé, Imbiara, Tombo e Palmeira estará finalizado.
“Já concluímos os trabalhos de delimitação e o relatório agroambiental. E estamos com equipe em campo finalizando o cadastramento das famílias”, explica Vasconcelos.
Já as comunidades de Engenho da Cruz e Engenho do Novo, segundo o chefe de divisão, encabeçam a lista de prioridades para a delimitação de áreas, por já terem os relatórios antropológicos concluídos. Vasconcelos frisou ainda que a regional baiana vai fechar o ano de 2018 com 10 comunidades quilombolas com suas poligonais delimitadas.
Organização Não-Governamental
UFRB coordenou a elaboração dos relatórios antropológicos das comunidades quilombolas Engenho da Cruz e Engenho Novo, que foram executados, por meio do Projeto Terra de Direitos. A universidade tem termo de cooperação com o projeto que conta ainda com a participação da ONG italiana Cospe e o Centro de Educação e Cultura do Vale do Iguape.
Durante o evento, o coordenador do Projeto Terra de Direitos, Leonardo Di Blanda, entregou dois exemplares do livro “Saberes e Fazeres Terapêuticos Quilombola – Na Bacia e Vale do Iguape – Cachoeira, Bahia”, uma publicação que reúne tradições ancestrais praticadas, até os dias atuais, entre as comunidades quilombolas da região.
Participaram do evento ainda a Pró-Reitora de Extensão da URFB, Tatiana Veloso, a chefe de Cartografia do Incra/BA, Mirele Viegas da Silva, além de Ananias Viana, do Conselho Quilombola da Bacia e Vale do Iguape e membros das comunidades contempladas pelos relatórios.
—
Imagem: Universidades baianas doaram relatórios antropológicos ao Incra/BA. Crédito: Incra/BA