Tania Pacheco
Falta de informação minha? Provavelmente, mas só hoje descobri o trabalho do desenhista argentino Matías Almargen. E não há como passar ilesa pelas visões que seus desenhos oferecem da às vezes assustadora realidade que nos cerca. Nesse sentido, o pseudônimo por ele escolhido – Al Margen (À Margem) – já aponta a perspectiva crítica a partir da qual seu lápis desnuda uma sociedade que ameaça transformar em realidade as profecias de obras de meados do século passado, como 1984 e Admirável Mundo Novo, agora em versão Black Mirror.
Na apresentação em sua página no Facebook, ele escreve:
Hay dibujos que nacen al margen.
Nacen casi sin querer. Nacen al costado, afuera de lo importante. Nacen para no agradar ni ser vistos. Nacen para no ser terminados. Conviven con tachaduras y ni siquiera merecen el esfuerzo de ser borrados.
Son hijos del aburrimiento, del inconformismo o del enojo. Son los hijos indeseados del lápiz. Son solo bocetos de algo que podría haber sido mejor, pero fueron abandonados. Son una promesa incumplida, un proyecto trunco. Son la representación de ideas descartadas. Son la basura del subconciente.
Pero son más viscerales y sinceros que otros dibujos porque no tienen la obligación de agradar. Porque nacieron para no ser vistos. Porque nacieron sin estética. Porque nacieron solo por un impulso y nada más. Porque nacieron para molestar, ya que muestran lo imperfecto.
Pero no les importa.
Y no les importa porque viven al margen.
E eis que nos deparamos com sua visão agudamente crítica à misoginia, como no desenho que ilustra este texto, ao capitalismo, ao consumismo, à alienação alimentada pela tecnologia, às diferentes formas de aprisionamento do pensamento a que somos submetidos muitas vezes passivamente.
Al Margen está presente no Facebook, aqui. Também pode ser encontrado no Twitter e no Instagram. Abaixo, deixo alguns dos seus desenhos que mais me impactaram, seguidos de um pequeno vídeo, onde outros podem ser vistos.
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