TAC firmado com MPF em 2007 previa demarcação de terras indígenas em MS e foi sistematicamente descumprido
Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul
O Ministério Público Federal (MPF) em Dourados instaurou inquérito para apurar eventual prática de atos de improbidade por Wallace Moreira Bastos e Franklinberg Ribeiro de Freitas, respectivamente ex e atual presidente da Fundação Nacional do Índio (Funai). Também será investigada a atuação da ex-diretora de Proteção Territorial, Azelene Inácio.
O objetivo é investigar irregularidades que teriam sido cometidas em relação ao sistemático descumprimento do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado pelo MPF e a Funai em novembro de 2007, o qual previa a constituição de Grupos de Trabalho, estudos antropológicos e a demarcação de terras indígenas no sul de Mato Grosso do Sul.
O descumprimento dos termos do TAC pela Funai levou o MPF a ajuizar ação, em 2010, cobrando a execução. Em 2011, a Justiça Federal determinou o cumprimento das obrigações assumidas pela Funai e elaborou um novo cronograma, que voltou a ser descumprido pela autarquia. Foram realizadas diversas audiências conciliatórias firmando novos prazos, indicados como possíveis pela própria Funai, mas as decisões judiciais foram novamente descumpridas. Isso acarretou prejuízo aos cofres públicos estimado em R$ 3.484.000,00, decorrente das multas diárias pelo descumprimento do acordo, impostas nos autos de execução nº 0003544-61.2010.4.03.6002 e 0001964-54.2014.4.03.6002.
Decorrido o prazo de 11 anos da celebração do TAC com a Funai, bem como de 8 anos do ajuizamento da execução judicial, nenhum dos procedimentos administrativos demarcatórios foi concluído e diversos deles sequer foram iniciados. O MPF considera que tal prática configura, em tese, improbidade administrativa.
Ex-ministro é réu pelo descumprimento do TAC
No início de janeiro, a Justiça aceitou ação civil pública por improbidade administrativa ajuizada pelo MPF em Mato Grosso do Sul contra o ex-ministro da Justiça, José Eduardo Martins Cardozo, e o ex-presidente da Funai, Flavio Chiarelli Vicente de Azevedo. Ambos são acusados de descumprir o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado em 2007 entre Funai e Ministério Público Federal em Mato Grosso do Sul visando à identificação e delimitação das terras de ocupação tradicional indígena na região centro-sul do estado.
Quem são os investigados
Wallace Moreira Bastos, administrador com especialização em mediação, foi presidente da Funai de 24/04/2018 a 14/01/2019.
O general do Exército Franklimberg Ribeiro de Freitas foi presidente da Funai de 09/05/2017 a 24/04/2018. Retornou ao mesmo cargo em 17/01/2019.
Azelene Inácio entrou para a Funai em 1994 e foi exonerada em 16/01/2019. Ela ocupava a Diretoria de Proteção Territorial, responsável pela análise das demarcações indígenas no período de maio de 2017 a janeiro de 2019.
Se for um Estado Democrático e de Direito genuíno e não uma infinita Cleptocracia Bandeirante (agora em mãos rural-fascistas) esta notícia seria razão até de esperança. Porém: se for…
Na nossa realidade é de se preparar que as mencionadas ações civis darão na mesma: N-a-d-a. Mais ainda numa época quando o novo Ministro de Justiça já mostrou seu desinteresse diante as questões indígenas ao excluí-las da sua agenda e as entregando aos piores inimigos dos povos autóctones que sangram faz séculos para salvar o pouquinho que ainda não foi destruído e pode ser a única esperança para todos de sobrevivermos no meio dos infinitos desertos verdes, terras envenenadas e rios assassinados. Obras essas causados pela indústria da destruição e os comerciantes da morte no verdadeiro poder neste nosso país (mantido refém por eles e seus ajudantes mercenários eufemisticamente chamados de políticos e administradores públicos e suas fábricas de mentiras e manipulação).
E não posso deixar, finalmente, de fazer mais uma observação. Escrever do “sistemático descumprimento do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) … o qual previa a constituição de Grupos de Trabalho, estudos antropológicos e a demarcação de terras indígenas no sul de Mato Grosso do Sul” apenas é uma fracção da improbidade crônica em questão. Porque o mesmo vale para os outros Estados desta União Bandeirante sempre em mãos impróprios desde a chegada dos invasores da Europa há 519 anos.