“Seminário Internacional sobre Atuação Indígena em Pesquisas Colaborativas e Valorização de Conhecimentos” receberá pesquisadores indígenas de dez países e acadêmicos do Reino Unido entre os dias 20 e 22 de março. Dentre os temas abordados em quatorze estudos de caso estão mudanças climáticas, direito à terra, racismo, preconceitos e valorização dos conhecimentos tradicionais. Na abertura, povo Kuikuro conta mitos e histórias dos céus no Planetário da Gávea
Que papel têm as universidades na construção de narrativas que incorporem e considerem saberes e costumes de povos tradicionais? Como valorizar conhecimentos indígenas, que dialoga m com outro conceito de tempo/espaço, em um mundo tomado por urgências reais e inventadas? É possível criar novas abordagens e metodologias acadêmicas que incluam e respeitem os conhecimentos ancestrais, de forma igualitária e sem hierarquias? Como garantir a atuação de indígenas no desenvolvimento de pesquisas internacionais? Qual a importância destas reflexões em um momento em que direitos das comunidades tradicionais são suprimidos e questionados em várias partes do mundo?
Para responder a estas e outras indagações, pesquisadores indígenas e não-indígenas de dez países estarão no Rio de Janeiro entre os dias 20 e 22 de março, no “Seminário Internacional sobre Atuação Indígena em Pesquisas Colaborativas e Valorização de Conhecimentos”, uma coprodução da
People’s Palace Projects e da Associação Indígena Kuikuro do Alto Xingu (AIKAX).
O seminário reunirá pela primeira vez pesquisadores de povos indígenas do Brasil, Colômbia, Dominica, Equador, Índia, Papua Nova Guiné, Quênia, Uganda, Kiribati e Sudão e pesquisadores e acadêmicos de onze universidades do Reino Unido, que desenvolvem projetos de pesquisas colaborativas com povos originários.
Nomes como Takumã Kuikuro (cineasta indígena do Alto Xingu, Mato Grosso), Claudia Maigora (liderança do povo Emberá Chamí, da Colômbia), Cacique Afukaka Kuikuro (líder do povo Kuikuro), Stanley Riamit Kimaren (fundador da ONG queniana ILEPA, de preservação do clima), Pelenise Alofa (da ONG Kiribati Climate Action Network), Renata Tubinambá (jornalista), Santosh Kumar (professor da Marita School of Engineering, da Índia) e Phillipa Ryan (pesquisadora do Royal Botanic Gardens Kew, Inglaterra) estão entre os confirmados.
Para troca de saberes e experiências, participarão do encontro – que não é aberto ao público, pesquisadores e acadêmicos de onze universidades do Reino Unido que desenvolvem projetos e pesquisas com povos indígenas.
Os estudos de caso desenvolvidos por pesquisadores indígenas e não indígenas abordam temas como mudanças climáticas, justiça ecológica, sustentabilidade, conhecimentos agrícolas tradicionais, alternativas aos modelos de desenvolvimento ocidentais, autorepresentação cultural, adoção de políticas de proteção aos direitos dos povos indígenas, herança cultural intangível, disputas de terra, exclusão social, racismo e violência de gênero.
Astronomia Cultural
Para iniciar as atividad es do seminário, o Cacique Afukaka e representantes Kuikuro revelarão histórias, constelações e mitos que o céu estrelado conta sobre povos indígenas do Brasil e do mundo. Histórias repassadas oralmente pelo povo Kuikuro, de geração em geração, serão contadas à medida em que o céu é projetado na cúpula principal do Planetário do Rio.
O encontro conta com a participação especial de Claudia Maigora Morales, que falará sobre a importância das constelações e da lua para o seu povo Emberá-Chamí da Colômbia. Ao lado dos representantes indígenas estarão os astrônomos Germano Bruno Afonso (UNINTER) e Flavia Pedroza Lima (Planetário do Rio), e o antropólogo e professor Mércio Pereira Gomes (UFRJ).
Apresentado pelo AHRC (Arts and Humanities Research Council), E SRC (Economic and Social Research Council) e o GCRF (Global Challenges Research Fund), o “Seminário Internacional sobre Atuação Indígena em Pesquisas Colaborativas e Valorização de Conhecimentos” conta com a parceria da Queen Mary University of London e o apoio da Fundação Planetário do Rio e do Museu do Índio, Funai. O evento é uma co-produção do People’s Palace Projects e da Associação Indígena Kuikuro do Alto Xingu.
Veja AQUI a programação do Seminário.
—
Enviada para Combate Racismo Ambiental por Luciana Ackermann.