Visita dos atingidos reafirma compromisso com a Fiocruz

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Como parte do processo de aprendizado dos cursos que envolvem mulheres e jovens atingidos por barragens, hoje (26), eles participaram da visita às unidades da Fiocruz, no Rio de Janeiro, onde acontece desde o último dia 15, a exposição de arpilleras “Em defesa da vida: mulheres atingidas bordando a resistência”.

Durante todo este ano cerca de 36 jovens participaram do curso Pedagogia das Águas e 16 mulheres participaram do projeto Educação popular, direito e participação social: Bordando a vida das mulheres atingidas por barragens. Ambas atividades foram desenvolvidas pela parceria entre o Movimento dos Atingidos por Barragens e a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/FIOCRUZ).

Na visita à Fiocruz, os atingidos participaram de intervenções artísticas, de debates sobre o papel que a Fundação cumpre na sociedade, e entre outras unidades e pontos turísticos, conheceram o castelo Mourisco, um símbolo da ciência e da saúde nacionais. O “Palácio das Ciências”, imaginado por Oswaldo Cruz para ser a sede da instituição que receberia seu nome, foi criado à imagem do Instituto Pasteur, de Paris, reunindo a produção de vacinas e remédios, a pesquisa científica e demais atividades ligadas à saúde pública.

Segundo Alexandre Pessoa, professor da Escola Politécnica, são dois movimentos: “A Fiocruz vai nos territórios desenvolver processos formativos e ao término desses processos, esses territórios vem à Fiocruz pra conhecer a instituição pra conhecer a sua história, a sua memória e todas as suas perspectivas de futuro e de sa;ude que ela trás consigo na sua missão institucional e de afirmação do Sistema Único de Saúde”.

Arpilleras: o reconhecimento das atingidas enquanto protagonistas da luta

Expostas por 15 dias no Museu da Vida durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia da Fiocruz, as arpilleras produzidas pelas mulheres atingidas por barragens do Rio de Janeiro foram atração para milhares de pessoas que passaram por elas. E duas oficinas foram realizadas com mulheres idosas da periferia da cidade, que retrataram como acontece a violação de direitos humanos em comunidades pobres da cidade.

As arpilleras expostas foram produzidas pelas mulheres como uma das sínteses do curso sobre a Saúde da Mulher. Nelas, as atingidas bordaram temas como o direito à água, ao saneamento, à educação, à saúde e à previdência. No decorrer da formação, um dos principais conhecimentos adquiridos foi o entendimento de que o direito à saúde, além de garantir o atendimento adequado a todas as necessidades de saúde da população, tais como as ações de promoção e prevenção, também implica na garantia da qualidade de vida da população, que para ser efetivada precisa que os demais direitos sociais também sejam assegurados.

“Nossas vidas precisam ser costuradas… nessas arpilleras encontramos o fio, a juta e a linha que construiram o conhecimento de que a saúde é uma conquista social, pois ela é fruto da luta do povo pela melhoria das condições de vida. Boa parte desse caminho se revela na organização da resistência às barragens. Assim, as arpilleras têm sido um caminho para denunciar nossas histórias negadas”, diz Raiene Evangelista, da coordenação do MAB, que também participou da visita à Fiocruz.

Foto: Ana Galiza

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