Em comum, os indígenas viviam em bairros da periferia ou em ocupações da cidade de Manaus com forte presença do narcotráfico
Por J. Rosha, Cimi Norte I AM/RR
Em nota divulgada no último sábado (7) a Arquidiocese de Manaus informou a morte de Humberto Peixoto, que trabalhava na Cáritas Arquidiocesana e assessorava a Associação de Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro (AMARN). Humberto era indígena do povo Tuiuca, região do rio Negro, noroeste do Amazonas. Ele tinha 37 anos e deixa esposa e uma filha de cinco anos. O Tuiuca é o quarto indígena morto na cidade de Manaus ao longo de 2019 (leia abaixo).
De acordo com a nota, “na última segunda-feira, dia 2 de dezembro, Humberto foi espancado quando retornava para sua casa, por volta das 15h. Foi um ato de extrema violência que o deixou internado em estado gravíssimo, com afundamento do crânio, fêmur quebrado e perfuração na cabeça, o que provavelmente levou à morte encefálica na terça-feira e, na manhã deste sábado, veio a óbito”.
Conforme pessoas próximas ao indígena, Humberto havia participado de uma reunião na Cáritas na tarde de segunda-feira (2). No dia seguinte receberam a informação de que ele estaria internado em uma unidade de saúde no bairro do Coroado, Zona Leste de Manaus. Após contato com familiares, ficaram sabendo da gravidade do fato e de que ele teria sido agredido.
Não há certeza da motivação do crime, até o momento. Uma hipótese ventilada é a de vingança praticada por criminosos do bairro onde Humberto morava, pois ele não se intimidava com a presença destes indivíduos.
Humberto Peixoto é o quarto indígena morto na cidade de Manaus ao longo de 2019. Em 27 de fevereiro, o cacique Francisco de Souza Pereira, de 53 anos, foi executado na residência onde morava, na rua Bahia da Comunidade Urucaia, Conjunto João Paulo, bairro Nova Cidade.
No dia 13 de julho, Willame Machado Alencar, de 42 anos, conhecido como ‘Onça Preta’, foi morto com cinco tiros, na ocupação Cemitério dos índios, bairro Nova Cidade, zona norte de Manaus. Carlos Alberto Oliveira de Souza, de 44 anos, Apurinã, foi morto no dia 6 de agosto após ser alvo de disparos de arma de fogo efetuados por homens encapuzados, na Avenida Maria Marrero, na comunidade Conjunto Cidadão 12, localizado na Cidade Nova, zona norte de Manaus.
Os indígenas viviam em bairros da periferia ou em ocupações da cidade de Manaus com forte presença do narcotráfico.