O Tuxa Ta Pa Me Ka’apor (Conselho de Gestão Ka’apor), organização originária e interna do nosso povo que segue no ancestralidade e cultura, lamenta a morte de mais um indígena por uma rede criminosa que opera impunemente dentro e fora do nosso território.
Por causa dessa violência fizemos a ruptura com todos os processos de tentativa de colonização do Awa’i, porque temos Acordo de Convivência, caminhando para o Acordo de vida em defesa da floresta que é a razão da nossa existência. Por isso, não aceitamos o tráfico (de drogas, de animais
e de madeira), o uso de bebidas alcóolicas e outros costumes dos Awa’i que enfraquecem nossa cultura, nossa vida enquanto povos originários.
Nossos Ka’a Usak Ha Ta tem uma orientação interna e segue nossos Tuxa ta pame e não órgão do governo e outros Awa’i agressores. Eles vão continuar agindo de acordo com nosso sistema de autodefesa, não permitindo cooptações criminosas nas aldeias e áreas de proteção. Estamos e
vamos continuar nossas ações nos limites territoriais com monitoramento territorial do nosso jeito, sem medo de porque estamos fazendo isso pelos nossos antepassados e nosso futuro. Sabemos que a exploração ilegal de madeira anda junto com tráfico de drogas, alcoolismo, garimpo ilegal, e
outras práticas que escravizam, aprisionam, matam.
Vários parentes, lideranças se deixam contaminar por essa rede criminosa, não buscam alternativas de viver e ficam presos a esses vícios, esquecem o projeto de vida de seu povo.
Nosso TUXA TA PA ME existe para apontar o caminho da autonomia e da auto-defesa contra esses tipos de violência e assim esperamos que nosso povo viva uma unidade em defesa do nosso território por um bem viver na floresta.
Jumu’eha renda keruhu, 07 de agosto de 2020.
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