Ditadura Militar no Brasil queria transformar Amazônia em pasto

“Toque sua boiada para o maior pasto do mundo”, incentivava uma propaganda de 1972. Na Amazônia a terra é barata e sua fazenda pode ter todo o pasto que os bois precisam”, dizia a propaganda da época

Por Maria Fernanda Garcia, no Observatório do 3° Setor

De caráter autoritário e nacionalista, a Ditadura Militar no Brasil teve início em 1964, com o golpe militar que derrubou o governo de João Goulart, o então presidente democraticamente eleito no país. Apesar das promessas iniciais de uma intervenção breve, a Ditadura Militar durou 21 anos.

Grande fã da Ditadura Militar no Brasil, o presidente Jair Bolsonaro surpreendeu pela memória seletiva durante o discurso na Cúpula de Líderes sobre o Clima, na última quinta-feira (22/04). Ele exaltou os avanços ambientais obtidos durante a redemocratização de outros governos, e esqueceu de mencionar o projeto da ditadura militar, que ele apoia até hoje, para a Amazônia.

O governo federal, na época da ditadura, prometia incentivos fiscais e financiamento para quem levasse o gado para a região. Algumas propagandas da década de 1970 mostravam grande empenho de transformar a floresta em pasto para gado.

“Toque sua boiada para o maior pasto do mundo”, incentivava uma propaganda de 1972. Adivinha qual era o maior pasto do mundo? O texto publicitário explicava: “Na Amazônia a terra é barata e sua fazenda pode ter todo o pasto que os bois precisam. Sem frio ou estiagem queimando o capim, o gado fica bonito de janeiro a dezembro.”

Em outra propaganda, as empresas que faziam investimentos na região eram exaltadas. A peça mostrava a foto de um boi e dizia que era um “Volkswagen produzido na Amazônia”. A empreiteira Camargo Corrêa também era citada como um exemplo de patriotismo por levar o desenvolvimento econômico para a região.

Genocídio Indígena

A Ditadura Militar no Brasil quase dizimou os indígenas waimiri atroari. De 1974 a 1983, grandes obras na Amazônia serviram de pretexto para o genocídio desse e de outros povos indígenas, por meio de bombardeios, chacinas e destruição de locais sagrados, de acordo com reportagem da National Geographic.

O genocídio dos waimiri atroari pela Ditadura Militar estendeu-se entre as décadas de 1960 e 1980, durante três grandes projetos dentro desta terra indígena (TI): a abertura da BR-174, a Manaus-Boa Vista; a construção da hidrelétrica de Balbina; e a atuação de mineradoras e garimpeiros interessados em explorar as jazidas em seu território.

Comissão Nacional da Verdade estima que ao menos 8.350 indígenas tenham sido assassinados entre 1946 e 1988. As investigações apontam dois períodos distintos em se tratando de violações aos povos indígenas. Antes de dezembro de 1968, os massacres se davam mais pela omissão do Estado. Após o Ato Institucional 5 (AI-5), o maior responsável pelos homicídios foi o regime militar.

Imagem: Anúncio sobre a ocupação da Amazônia/ década de 70/ Foto: Reprodução

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