Um levantamento da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e do Ministério Público Federal (MPF) apontou que a explosão do garimpo em Terras Indígenas na Amazônia provocou um aumento significativo no uso de mercúrio, metal neurotóxico usado para extração de ouro.
Ao menos 100 toneladas de mercúrio teriam sido despejadas no solo e nos rios amazônicos em 2019 e 2020, utilizado para a produção de 49 toneladas de ouro ilegal nesse período. A maior parte desse ouro (17 toneladas) teria como origem a região do médio Tapapós, onde vivem indígenas da etnia Munduruku. O prejuízo socioambiental do garimpo, que soma custos associados ao desmatamento ilegal e à contaminação do solo e da água, é de quase 10 bilhões de reais. Os dados foram citados pelo jornal El País em matéria que também informa sobre o lançamento de uma plataforma georreferenciada capaz de localizar lavras de garimpo, contaminação da fauna e presença do mercúrio em terras indígenas.
Falando em crimes ambientais nas Terras Indígenas, a Justiça Federal determinou nesta 3ª feira (20/7) a retirada de invasores e desmatadores da reserva Piripkura (MT) e pediu apoio policial para reintegração de posse da área em favor dos índios. Essa é a TI mais devastada da Amazônia com presença de Povos Isolados. Pela decisão, ao menos nove fazendeiros e terceiros serão forçados a retirar o gado dessa área e estão proibidos de seguir com o desmatamento. O Globo destacou essa notícia.
Ao mesmo tempo, a Polícia Federal deflagrou uma operação para desbaratar um esquema criminoso de grilagem de terras dentro da TI Ituná-Ituná, no sul do Pará. De acordo com o Estadão, um dos alvos prioritários da investigação é o empresário Jassonio Costa Leite, conhecido pelas conexões políticas que ele mantém com lideranças locais, estaduais e federais. Ele já foi multado pelo IBAMA em mais de R$ 105 milhões por desmatamento ilegal.
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Mercúrio usado no garimpo, atividade que vem devastando territórios Munduruku, foi encontrado em níveis acima do limite máximo em mais da metade dos indígenas examinados pela Fiocruz (Foto: Greenpeace)