Por Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
O Conselho Deliberativo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) manifesta profunda solidariedade e reforça o compromisso com a situação de saúde das populações indígenas, em especial com o povo Yanomami. A Fundação entende que a superação do grave quadro sanitário em que se encontra o povo Yanomami somente se dará pela ação intersetorial e solidária entre os diferentes atores governamentais e da sociedade civil organizada. Por isso, lamenta a não autorização, pela Fundação Nacional do Índio (Funai), da entrada de um grupo de pesquisa da instituição, liderada pelo pesquisador Paulo Cesar Basta, em área indígena.
O objetivo da pesquisa é realizar um diagnóstico situacional de saúde dos indígenas residentes naquela região, onde a população vive simultaneamente crise sanitária, ambiental e humanitária, com a violação de diversos direitos. A realização deste diagnóstico, solicitado pela associação indígena local, é importante para uma avaliação do quadro sanitário das comunidades afetadas a fim de dar subsídios à formulação de políticas públicas de saúde e desenvolvimento, adaptadas à realidade e ao contexto local.
A Fiocruz entende que o avanço do coronavírus na população indígena vem acompanhado de uma série de desafios. Os povos indígenas são um grupo particularmente vulnerável à Covid-19 devido às elevadas prevalências de diferentes doenças e agravos à saúde (desnutrição e anemia em crianças, doenças infecciosas como malária, tuberculose, hepatite B, hipertensão, diabetes, obesidade e doenças renais) e às dificuldades de acesso ao sistema de saúde, particularmente da atenção especializada. Além disso, sofrem com a exploração ilegal do território pelo garimpo, o aumento das queimadas e do desmatamento e o baixo nível de saneamento, o que torna ainda mais complexa a atenção à saúde dessa população.
Por fim, a Fiocruz reitera a importância da autonomia dos povos indígenas sobre seus territórios e enfatiza a importância de se garantir o cumprimento da legislação brasileira e internacional, visando o bem-viver, a saúde, a valorização da diversidade étnica e cultural, assim como a sustentabilidade dos povos originários de nosso país.
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Foto: Paula Cavalcanti