Ensp e IAM lançam a Plataforma Narrativas Indígenas: lutas sociais por saúde, dignidade e direitos territoriais

O Núcleo Ecologias, Epistemologias e Promoção Emancipatória da Saúde, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Neepes/ENSP/Fiocruz), e o Laboratório de Saúde, Ambiente e Trabalho, do Instituto Aggeu Magalhães (Lasat/IAM/Fiocruz), promovem, nos dias 29, 30 e 31 de março, o Seminário de lançamento da Plataforma Narrativas Indígenas: lutas sociais por saúde, dignidade e direitos territoriais.

A plataforma é uma das ações do projeto de pesquisa “Narrativas, memórias e diálogos interculturais: construindo uma rede audiovisual indígena do Nordeste como estratégia de agroecologia e promoção da saúde para o fortalecimento do SasiSUS nos territórios”, coordenado por André Monteiro, do Laboratório de Saúde, Ambiente e Trabalho (Lasat/Fiocruz-PE) e Marina Fasanello, do Núcleo Ecologias, Epistemologias e Promoção Emancipatória da Saúde (Neepes/ENSP/Fiocruz,) em parceira com dois pesquisadores, ativistas e cineastas Marcelo Tingui (Territórios Indígenas Tingui-Botó/AL) e Kleber Xukuru (Território Indígena Xukuru de Ororubá/PE).

Esta Plataforma cria um espaço de partilha com o objetivo de promover o diálogo intercultural e de visibilidade das lutas por saúde, dignidade, direitos territoriais e preservação da cultura dos povos indígenas.

O seminário ocorre uma semana antes da 18ª edição do Acampamento Terra Livre (ATL), mobilização dos povos originários que levará milhares de indígenas para Brasília. O evento, cujo tema é “Retomando o Brasil: demarcar territórios e aldear a política”, é considerado um dos mais importantes de sua história, pois irá combater os chamados “projetos de morte”, incluindo o julgamento do Marco Temporal pelo STF e vários PLs serão em breve votados pelo Congresso Nacional com o apoio do Governo Federal. Um deles é o PL 191/2020, que permitirá que Terras Indígenas sejam exploradas para mineração, hidrelétricas e projetos de infraestrutura de grande escala.

A produção audiovisual indígena se tornou um importante canal de comunicação dentro das comunidades e ampliou a criação de redes entre as diversas etnias. A plataforma foi criada para visibilizar e fortalecer a construção de uma rede audiovisual indígena do Nordeste, Norte de MG e ES a partir de seus coletivos e realizadores. Pretende-se que a plataforma se constitua num espaço de atuação e protagonismo indígena gerido pelos povos em diálogo com uma academia sensível e co-labor-ativa, assumindo como propósito o compromisso de potencializar iniciativas que já existem, promover uma ecologia de saberes em diálogo com os grupos atuantes nos territórios, assim como incentivar relações de solidariedade entre os povos com a sociedade visando fortalecer suas lutas sociais.

De acordo com a programação (abaixo) do seminário, que será transmitido pelo Canal da ENSP no Youtube, em cada dia haverá um debate temático entre intelectuais, lideranças e cineastas, tanto indígenas como da academia.

Programação:

1. Audiovisual Indígena como estratégia de visibilidade de seus saberes e lutas – 29 março , às 15h

A produção audiovisual indígena, produzida por vários coletivos, têm divulgado narrativas contra hegemônicas sobre seus saberes, práticas e lutas relacionadas aos seus modos de vida e suas cosmologias. Uma das expressões desse audiovisual é o que diversos cineastas indígenas denominam de Cinema de Guerrilha, pois suas lutas territoriais e por existência enfrentam genocídios e injustiças tanto ambientais, como cognitivas e históricas.

Coordenação: André Monteiro, Lasat/Fiocruz-PE
Alexandre Pankararu, Apoinme
Kleber Xukuru, Povo Xukuru de Ororubá
Vanuzia Pataxó, Pinapõ upâ jokana Pataxó

2. Agroecologia e agricultura do sagrado nos territórios – 30 março , às15h

Este debate se propõe a refletir, sob uma perspectiva da interculturalidade, as distinções e convergências entre a agroecologia e a agricultura do sagrado nos territórios, tal como denominam algumas lideranças indígenas. A agroecologia emerge a partir de um diálogo entre movimentos sociais camponeses, ONGs e academia, desde uma crítica à produção industrial em larga escala e do pacote químico que caracteriza o agronegócio. Por outro lado, a agricultura do sagrado recupera práticas ancestrais, e com acesso aos encantados que orientam suas práticas agrícolas numa visão holística, já que não separam vida, técnica e natureza, tampouco os mundos material e espiritual.

Coordenação: Wanessa Gomes, UPE
Iran Xukuru Povo Xukuru de Ororubá
Olinda Tupinambá, Indígena Tupinambá e Pataxó hãhãhãe
Natalia Almeida VPAAPS/Fiocruz
Juliano Palm Neepes/Fiocruz

3. Diálogos interculturais na produção de conhecimentos – 31 março, às 15h

O foco deste debate é compartilhar e refletir sobre os avanços epistêmicos e metodológicos alcançados através de diálogos interdisciplinares e interculturais que englobam sujeitos da academia, organizações locais e movimentos sociais envolvidos em lutas indígenas nos territórios.

Coordenação: Marina Fasanello, Neepes/Fiocruz
Marcelo Firpo, Neepes/Fiocruz
Guilherme Franco Netto, Fiocruz
Elisa Pankararu, Apoinme
Marcelo Tingui, Povo Tingui-Botó

Acesse: narrativasindigenas.ensp.fiocruz.br

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