Com territórios cercados pelo agronegócio, povo Boe-Bororo busca alternativas

O encontro, apoiado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) – Regional Mato Grosso, teve como objetivo criar um espaço para reflexões e para a construção de alternativas para as diversas comunidades deste povo

No Cimi

Entre os dias 7 e 9 de abril, lideranças do povo Boe-Bororo estiveram reunidas e acolhidas no Recanto Terra Mãe, espaço das Irmãs Catequistas Franciscanas, em São Lourenço de Fátima (MT), onde são realizadas experiências de Agricultura Sintrópica.

O encontro, apoiado pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi) – Regional Mato Grosso, teve como objetivo criar um espaço para reflexões e para a construção de alternativas para as diversas comunidades deste povo, localizadas em cinco terras: Jarudori, Meruri, Perigara, Tadarimana e Tereza Cristina. O evento contou com a participação de lideranças das terras indígenas Meruri, Tadarimana e Tereza Cristina, vindas das aldeias Areme Ewororo, Piebaga, Guanandi, Praião, Pobore, Meruri, Koge Ekureu, Meri Ore, Galdino Pimentel, Gomes Carneiro, Tadarimana e Pobo Jari.

Em uma participação equilibrada, com mulheres, homens, jovens e lideranças mais experientes, levantou-se as conquistas engendradas pelos Boe-Bororo e os principais desafios enfrentados, sobretudo no que diz respeito à sustentabilidade das comunidades diante de territórios cercados por monocultivos que impactam seu uso tradicional. Importantes reflexões contra o agronegócio surgiram a partir das exposições dos Bororo e foram complementadas pelos assessores do Cimi Regional Mato Grosso.

Analisando as ameaças e os retrocessos implementados pelo atual governo, como o desmonte da Fundação Nacional do Índio (Funai), e os assédios sobre seus territórios, os representantes defenderam a necessidade de fortalecer a união entre todas as comunidades, implementando alternativas econômicas que não impactem a preservação dos bens naturais presentes em seus territórios, que podem ser utilizados para gerar renda e contribuir para a autonomia das comunidades.

Entre os encaminhamentos do encontro, definiu-se pela realização de uma grande assembleia do povo, que deverá ocorrer neste ano. Ainda que a Defensoria Pública da União (DPU) em Cuiabá assessore os Boe-Bororo na defesa dos seus direitos em relação ao traçado da Ferrovia RUMO, que pretende ligar Rondonópolis a Lucas do Rio Verde (MT), passando entre as terras indígenas de Tadarimana e Teresa Cristina.

Imagem: Liderança da aldeia Meri Ore durante encontro do povo Boe-Bororo. Foto: Gilberto Vieira/Coordenador do Cimi Regional Mato Grosso

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