“Nós, povo Ka’apor, realizamos nosso 3º Encontro de Governança e Autodefesa no município de Presidente Médici-MA, nos dias 28, 29, 30/04 e 01/05. Encontros para rever e organizar nosso Plano de Autodesa e proteção coletiva; organização e fortalecimento de nossa luta para preservar nosso território e a natureza. Todos participam e decidem o que fazemos.
Muitos têm sido os ataques aos nossos parentes. Nos últimos dias vimos novos ataques aos Yanomami, Xipaya e outros povos, além da agressão aos quilombolas, camponeses e trabalhadores e trabalhadoras da cidade.
O território Ka’apor Alto Turiaçu sofre com a invasão dos madeireiros, garimpeiros e cobiça de mineradoras já instaladas na sede das cidades próximo ao território. Já existe extração de ouro em varias regiões no entorno do território. A mineração contamina tudo: o solo, a floresta, os rios, mata os animais e as pessoas. Já sabemos que elas estão tentando aliciar lideranças para ser a favor da exploração mineral.
Após o nosso 2º Encontro de Governança e Autodefesa, em janeiro desse ano, uma liderança e um apoiador foram cercados por madeireiros e seus capangas, mas conseguiram se proteger. Muitos são os ataques, maior continuará sendo nossa resistência.
Os ataques contam com a conivência do governo estadual, que nada faz contra, e tem a participação direta do governo Bolsonaro e dos prefeitos que o apoiam, muitos envolvidos em corrupção, como foi o caso do prefeito de Centro Novo do Maranhão, no escândalo com o exministro de educação e do deputado federal Josimar do Maranhãozinho, que renunciou ao mandato depois de outras denuncias.
O projeto de lei que autoriza a mineração nos territórios indígenas é mais um ataque, só beneficiando as mineradoras.
Não bastasse isso, nossas lideranças e seus apoiadores estão sendo criminalizados, com acusações falsas. Querem nos impedir de defender nossa própria casa que é nosso territórios.
As áreas de proteção que temos criado são uma forma de defender nosso território. Elas são novas comunidades criadas nas rotas de invasão de madeireiros, caçadores e garimpeiros. São formas pacíficas de barrar a invasão. Com isso, a floresta se recupera e traz os animais de volta.
Nós cuidamos da floresta e ela cuida de nós. Esse é no nosso ciclo da vida e é dessa forma que construímos nosso acordo de convivência e o bem viver.
Infelizmente, algumas lideranças de alguns povos indígenas estão permitindo a entrada de mineradoras e do agronegócio em nossos territórios. Acham que vão ganhar dinheiro. Isso é uma ilusão porque mineração e agronegócio destroem a natureza, matas, rios e seus povos. No final, sobra miséria e morte.
O 3º encontro contou com a participação do povo Shuar, do Equador, dos Nasa, da Colômbia, do povo Timbira aqui do Maranhão e de outras lideranças mais. Também recebemos o apoio da Comunidade La Salle, SMDDH, CSP Conlutas-PA, Andes-SN, Adunb, Aduff, Sindpetro Amazônia e Sinduepa. Outros mais colaboraram em outros momentos. São todos nossos aliados.
Ao final do encontro, que contou com representantes de todas as nossas comunidades orientadas pelos Tuxa ta Pame, reforçamos a necessidade de estarmos mais juntos ainda contra a mineração, o agronegócio e governos autoritarios. Convidamos nossos parentes de outros países e do Brasil a estarmos juntos nessa luta. Juntos e juntas somos mais fortes ainda. A unidade é a nossa força.
- NÃO À MINERAÇÃO. SE MINERAR VAI TER GUERRA.
- FORA MINERADORAS DE CENTRO NOVO DO MARANHÃO.
- DEFESA DA NATUREZA E DE SEUS POVOS.
- EM DEFESA DOS NOSSOS TERRITÓRIOS E DA AUTODETERMINAÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS.
- APOIO À MANUTENÇÃO DAS ÁREAS DE PROTEÇÃO.
- NÃO À CRIMINALIZAÇÃO DOS POVOS INDÍGENAS, DE SUAS LIDERANÇAS E APOIADORES.
- FORA BOLSONARO E SEUS ALIADOS.
Presidente Médici-MA, 01/05/2022
PYRÃ TÃ HA JOHU KATU!
TUXA TA PAME
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