STF mantém prisão de fazendeiro acusado de mandar matar dois advogados, em Goiânia

Segundo investigação, ele teria ordenado crime por ter perdido uma ação relacionada a uma fazenda de R$ 46 milhões. Marcus Chaves e Frank Carvalhães foram executados no escritório onde trabalhavam.

Por Rafael Oliveira, g1 Goiás

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes negou mais um habeas corpus para soltar o fazendeiro Nei Castelli, de 60 anos, que está preso desde novembro de 2020, como suspeito de mandar matar os advogados Marcus Chaves e Frank Carvalhães, que teriam ganhado um processo contra ele envolvendo uma fazenda avaliada em R$ 46 milhões, em Goiás.

Os advogados foram mortos a tiros no dia 28 de outubro de 2020, dentro do escritório em que trabalhavam, em Goiânia.

De acordo com a Polícia Civil, o motivo do crime seria disputa por terras em São Domingos, no nordeste do estado. Os advogados trabalhavam em processos judiciais contra familiares de Castelli. A polícia disse na época do crime que os advogados receberiam R$ 4,6 milhões em honorários.

O g1 não localizou a defesa de Nei Castelli para se manifestar sobre o habeas corpus negado pelo STF até a última atualização desta reportagem.

Em agosto de 2021, o juiz Eduardo Pio Mascarenhas mandou os acusados para serem julgados por júri popular, o que ainda não aconteceu. Em decisão recente de 10 de outubro de 2022, o magistrado intimou as partes do processo para juntar os nomes das testemunhas a fim de dar celeridade no julgamento.

Os cinco suspeitos de envolvimento no crime são:

  • Pedro Henrique Martins: suspeito de ter matado os advogados. Ele está preso desde outubro de 2020;
  • Jaberson Gomes: suspeito de marcar horário com os advogados e acompanhar Pedro Henrique no dia do crime. Ele foi morto em confronto com a PM de Tocantins em 30 de outubro de 2020;
  • Hélica Ribeiro Gomes: namorada de Pedro Henrique, foi presa em 9 de novembro de 2020 em Porto Nacional (TO), mas já foi solta;
  • Cosme Lompa Tavares: suspeito de ser o intermediário das mortes, está preso desde 9 de novembro de 2020;
  • Nei Castelli: fazendeiro suspeito de ser o mandante do crime. Está preso desde novembro de 2020.

Crime

O crime aconteceu em 28 de outubro de 2020, por volta de 14h30. De acordo com a Polícia Civil, dois homens agendaram horário com os advogados, em Goiânia. Ao chegarem ao escritório, no Setor Aeroporto, eles entraram e esperaram. Ainda conforme o relato, a secretária os levou até a sala dos advogados, momento em que os criminosos colocaram as vítimas de costas e disparam.

Pedro Henrique Martins é apontado na investigação como a pessoa que atirou contra os advogados. Foram três tiros em uma vítima e um em outra. Segundo o delegado Rhaniel Almeida, ele é um dos maiores matadores de aluguel do Tocantins.

A TV Anhanguera mostrou vídeos que mostraram a movimentação dos suspeitos Pedro Henrique e Jaberson Gomes enquanto estiveram em Goiânia (veja o vídeo).

De acordo com a Polícia Civil, Jaberson Gomes é o outro suspeito que acompanhou Pedro Henrique no dia da execução. Ele morreu em confronto com a Polícia Militar do Tocantins, em 30 de outubro de 2020. Gomes foi a pessoa que ligou, agendou e monitorou a rotina dos advogados em Goiânia.

Com a prisão de Nei Castelli em novembro de 2020, a Polícia Civil divulgou os valores que os supostos executores do crime receberiam em duas situações diferentes. Caso os suspeitos não fossem presos depois dos homicídios, receberiam R$ 100 mil, e se fossem encontrados e capturados pela polícia, o valor subiria para R$ 500 mil.

Crime planejado

Segundo o delegado Rhaniel Almeida, o crime foi planejado e a dupla viajou mais de 1 mil km de Tocantins para Goiânia. Pedro Henrique e Jaberson Gomes chegaram à capital no dia 24 de outubro e se hospedaram em um hotel no Centro da capital até o dia 28, data em que os advogados foram assassinados. O delegado diz que os dois estudaram a rotina das vítimas antes do crime.

Segundo o depoimento de uma funcionária do escritório, um homem marcou horário com um dos advogados dias antes. No dia do crime, um rapaz se identificou com o mesmo nome da pessoa que fez a ligação anteriormente e foi até o escritório acompanhado de um colega. Eles esperaram para serem atendidos.

De acordo com Rhaniel, poucas horas após o crime, a dupla fugiu para Anápolis, onde embarcou em um ônibus com destino a Palmas, no Tocantins, mas desceu em Porto Nacional.

Da esquerda para a direita, advogados Marcus Aprígio Chaves e Frank Alessandro Carvalhaes de Assis, em Goiânia, Goiás — Foto: Reprodução/OAB-GO

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