Cozinhas solidárias: projeto do MTST já distribuiu um milhão de refeições e ganha prêmio da ONU

As cozinhas entregam almoço grátis todos os dias, há quase dois anos, nas periferias de 14 estados brasileiros

Gabriela Moncau, no Brasil de Fato

O Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) foi um dos três ganhadores do prêmio Desafio da Infância Saudável, promovido pela Unicef, o fundo das Organizações das Nações Unidas (ONU) para a infância, em parceria com o setor social da empresa farmacêutica dinamarquesa Novo Nordisk. O projeto premiado em 100 mil dólares para expandir suas ações é o das Cozinhas Solidárias: uma rede de 31 cozinhas comunitárias que, para combater a fome, distribui seis mil refeições gratuitas a cada dia.

A iniciativa premiada nesta quinta-feira (15) foi criada em março de 2021, quando a pandemia de covid-19 completava um ano e acelerava o crescimento do número de famintos no Brasil, que hoje chega a seis em cada 10 famílias. Inicialmente a ideia era montar 16 cozinhas, mas o plano cresceu.

Depois de quase dois anos, o projeto distribuiu cerca de mil toneladas de alimentos agroecológicos e existe nas periferias dos estados de Roraima, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Sergipe, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, São Paulo e Distrito Federal.

Sem qualquer investimento público, o projeto se mantém na base da auto-organização popular. A principal fonte de renda são doações de apoiadores por meio, principalmente, de vaquinha pela internet.

Além da produção diária de marmitas, as cozinhas solidárias se tornaram pontos de encontro e espaço para outras atividades do MTST. Entre elas, mutirões de apoio jurídico, cines-debate, rodas de conversa, reforço escolar para crianças e alfabetização de jovens e adultos. Também impulsionam, em alguns dos 14 estados onde estão, o desenvolvimento de hortas urbanas comunitárias.

Ceia comunitária no natal

O MTST recebe o reconhecimento da ONU poucos dias antes das ceias comunitárias do fim do ano. Para garantir que a mesa de jantar de parte da população mais pobre tenha fartura no dia 24 de dezembro, o movimento se organiza pedindo contribuições para o “Natal solidário”.

Além das refeições que serão servidas em cada uma das cozinhas na noite de Natal, a ideia é distribuir cestas básicas para que as pessoas que frequentam o projeto não fiquem de barriga vazia durante os 20 dias de recesso que as trabalhadoras das cozinhas solidárias terão. Se tudo for como planejado, serão arrecadados R$ 230 mil para entregar para cerca de seis mil pessoas um kit básico de alimentos, além de presentes para as crianças.

Edição: Nicolau Soares

Enviado pra Combate Racismo Ambiental por Diogo Ferreira Rocha

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