Ricardo Valverde, Agência Fiocruz de Notícias
Nesta terça-feira (7/2), Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas, a Agência Fiocruz de Notícias (AFN) publica um novo especial que reúne a produção dos pesquisadores da Fundação sobre Saúde Indígena. O material aborda o tema tão em foco no momento em que os yanomamis passam por uma grave crise sanitária que levou à decretação, em 20 de janeiro, pelo Ministério da Saúde (MS), de estado de emergência. O especial apresenta pesquisas, artigos, vídeos, filmes e outros materiais que contam uma parte dos estudos e iniciativas das unidades da Fiocruz em relação aos yanomamis, em particular, e a outros povos originários, em geral.
A Fiocruz integra o recém-criado Centro de Operações de Emergências em Saúde Pública (COE-Yanomami), que está sob a coordenação da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai/MS), e internamente, a Fundação criou uma Sala de Situação para Terra Indígena Yanomami, com o objetivo de articular ações de apoio ao Ministério da Saúde. “A Fiocruz tem capacidade de ofertar ações tanto emergenciais como estruturantes, que vão desde a assistência até o diagnóstico laboratorial, vigilância em saúde e ambiente e suporte logístico”, observa o presidente interino da Fundação, Mario Moreira.
O Especial Saúde Indígena faz um balanço do contexto histórico da crise – alertas sobre a iminência de uma tragédia humanitária não faltaram, nos últimos anos, por parte de lideranças dos povos originários e de pesquisadores – e aborda a importância da decretação da emergência sanitária. Em diversos conteúdos, pesquisadores da Fiocruz expõem seus estudos e revelam a calamitosa situação vivida pelos povos ancestrais.
No Especial estão artigos sobre os malefícios da atividade garimpeira para o estado nutricional de crianças e adultos yanomamis e o impacto da exploração de mercúrio. Outros estudos mostram que a população indígena tem uma proporção menor de pessoas com esquema vacinal completo (48,7%) do que não-indígenas (74,8%) e ainda que crianças indígenas têm 14 vezes mais chances de morrer por diarreia. Esse risco é 72% maior para crianças pretas em comparação com brancas. Em função desse quadro grave, um projeto vai examinar a qualidade de amostras de água para consumo humano nas aldeias, com o objetivo de reduzir a incidência de doenças e a mortalidade infantil.
Para entender melhor a questão da saúde indígena, a Editora Fiocruz liberou o acesso a diversos livros sobre o tema que fazem parte de seu catálogo. Na plataforma Porto Livre, portal de livros em acesso aberto coordenado pelo Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict/Fiocruz), outras obras estão disponíveis para download gratuito sobre o tema. São livros que transitam sobre as mais diversas questões de saúde relacionadas aos povos originários. E um link para o Portal de Periódicos Fiocruz destaca artigos com a temática saúde indígena. Há ainda um glossário de termos indígenas que explica alguns conceitos caros aos povos originários, infelizmente ainda tão desconhecidos da maioria dos brasileiros.
O conteúdo contempla materiais audiovisuais, como programas do Canal Saúde e filmes da Plataforma VideoSaúde da Fiocruz. Entre eles, uma animação que oferece narração em duas línguas indígenas – yanomami e munduruku –, além do português.
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Foto: Thiago Gomes/Agência Pará