Após despejo, MST e Suzano se reúnem com governos federal e da Bahia nesta quarta

Com compromisso de diálogo, famílias desocupam pacificamente áreas afetadas por “deserto verde” e cobram cumprimento de acordo feito em 2011

Por Redação RBA

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) acatou nesta terça-feira (7) decisão judicial pela reintegração de posse de três áreas propriedade da Suzano Papel e Celulose, no extremo sul da Bahia. As fazendas estavam ocupadas há oito dias nos municípios de Mucuri, Teixeira de Freitas e Caravelas. Acompanhadas pela Polícia Militar, as desocupações ocorreram de forma pacífica.

Ao deixarem as áreas, as famílias reafirmaram disposição de permanecer mobilizadas em luta pela Reforma Agrária. E aguardam com expectativa, segundo o movimento, a reunião marcada para esta quarta-feira entre representantes dos governos federal e estadual, do MST e da Suzano. O encontro será mediado pelo Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), em Brasília.

A desocupação dos cerca de 1.500 trabalhadores rurais foi acompanhada por assistentes sociais e também por seguranças da empresa. Em seguida, as famílias de agricultores seguiram para acampamentos vizinhos.

As razões da ocupação, segundo o MST:

– Denunciar a monocultura de eucalipto na região, que vem sendo expandida pela Suzano nos últimos 30 anos.
– A empresa faz uso de agrotóxicos que prejudicam as poucas áreas cultivadas pelas famílias camponesas.
– A monocultura do eucalipto bloqueia e expansão de outros cultivos e, desse modo, provoca o êxodo rural.
– Os agricultores familiares apontam que os municípios enfrentam problemas relacionados à crise hídrica causada pela contaminação dos solos e assoreamento dos rios.
– O território sofre com a “destruição sistemática dos recursos naturais”. Tanto pela produção em grande escala de eucalipto quanto pela pulverização de venenos nas áreas dos monocultivos.
– A Suzano descumpre, desde 2011, acordo firmado com o MST e participação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).
– O acordo envolveu três grandes fabricantes de papel e celulose. Assim, Veracel, Fibria e Suzano se comprometeram junto ao Incra e MST a ceder terras para assentamentos.

Nas áreas da Veracel estão assentadas 720 famílias e nas da Fibria, 612. “Mas nas áreas da Suzano, que seria o compromisso de 650 famílias, até agora nada”, explica Evanildo Costa, da direção nacional do MST na Bahia. Em nota, a empresa afirma que a completa entrega das áreas pela Suzano depende de processos públicos ainda não implementados pelo Incra.

De acordo com o movimento, realização da reunião mediada pelo MDA nesta quarta foi uma das condições para a desocupação. A expectativa com a reunião é que, depois de 12 anos, a questão caminhe, afirma o dirigente em entrevista a Gabriela Moncau, do Brasil de Fato.

Foto: Coletivo de Comunicação do MST na Bahia

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