Por Kuñangue Aty Guasu
Em julho de 2016 a Ñandesy Damiana, foi despejada novamente de seu território nativo Apyka’i, ocupado atualmente ilegalmente pela Usina São Fernando em Dourados, para plantação de cana. Durante a ação, os pertences das comunidades foram retirados e seus barracos destruídos por uma pá-carregadeira, e assim viveu Damiana por 7 anos às margens da BR-463, aguardando pela demarcação da T.I Apyka’i’.
Hoje, 7 de novembro de 2023, a Ñandesy veio a óbito. Apyka’i é um exemplo grave do genocídio praticado contra os indígenas. Lá, por anos Damiana e a comunidade beberam água envenenada pelas plantações de cana.
Outras oito pessoas foram atropeladas às margens da rodovia, por onde os indígenas acessam a cidade. Outras três se suicidaram, no contexto da falta absoluta de terra. A morte sempre foi muito presente no Apyka’i.
Ela sempre solicitou que quando viesse a óbito, que seu corpo fosse plantado na sua terra nativa Apyka’i, agora a luta é judicial, pois a terra de Damiana segue nas mãos do latifúndio.
O estado é o maior responsável pela morte da Ñandesy Damiana, que aguardou por anos às margens da rodovia voltar para seu território nativo.
Seguem as investigações do que aconteceu nos últimos dias antes da morte de Damiana, uma das informações é que ela foi violentada na visita ao túmulo onde estão enterrados suas parentelas, e o cemitério fica dentro da atual terra ocupada ilegalmente pela USINA SÃO FERNANDO!
*Apyka’i está de luto!*
A 14 dias da nossa grande assembleia Kuñangue Aty Guasu, estamos de luto, mais uma anciã de nosso povo parte de forma muito cruel!
#luto #apykai #ñandesydamiana
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Encaminhada para Combate Racismo Ambiental por Neyla Mendes.