Justiça mineira acata pedido de empresa e barra realização do sepultamento do Cacique Merong
Por Yuri Ferreira, Revista Forum
A deputada federal Célia Xakriabá (PT-MG) denunciou em suas redes sociais uma liminar da Justiça para impedir o enterro do cacique Merong, autoridade da etnia Pataxó-hã-hã-hã da região de Brumadinho.
O indígena foi encontrado morto na última segunda-feira (4). Ele era a liderança do movimento de Retomada Kamakã Mongoió no Vale do Córrego de Areias em Brumadinho. Este é o local onde ele deve ser enterrado.
O problema é que a mineradora Vale reclama para si a região do Vale do Córrego de Areias em Brumadinho e quer impedir o sepultamento do indígena no local.
A decisão foi concedida em favor da Vale pela juíza Geneviève Grossi Orsi, da 8ª Vara Federal Cível de Belo Horizonte. A deputada Célia Xakriabá denuncia a decisão.
“O não sepultamento ataca um direito humano fundamental, respeitem o nosso luto. Negar o sepultamento ataca não só nossos direitos humanos fundamentais, mas também os direitos indígenas garantidos pela Constituição Brasileira e por pactos internacionais”, disse.
“É absurdo tentarem reprimir o luto da família de Merong! Oficiamos a Polícia Federal, solicitando a atuação para garantir a proteção territorial da comunidade Kamakã Mongoió durante o ritual de despedida a Merong. Acionamos também o MPF que entrou com embargo de declaração à decisao pedindo o reconhecimento legítimo do direito de realizar o sepultamento de Merong conforme as nossas tradições.É absurdo que tentem nos tirar até o direito de velar e enterrar os nossos mortos”, completou.
URGENTE! 🚨🚨
Nessa madrugada, fomos surpreendidos com uma liminar na justiça autorizando o envio de força policial para impedir o enterro do cacique Merong no território.
O não sepultamento ataca um direito humano fundamental, respeitem o nosso luto.
— Célia Xakriabá (@celiaxakriaba) March 6, 2024
–
Imagem: Célia Xakriabá, no TwitterX