COP 30: atingidas da Amazônia debatem emergências climáticas em Encontro de Mulheres do MAB

Os impactos das mudanças climáticas na vida das mulheres atingidas foi tema central das discussões

por Roberta Brandão, MAB

Mulheres do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) de oito regiões da Amazônia Brasileira se reuniram nos dias 09, 10 e 11 para debater sobre emergências climáticas e seus impactos na vida das mulheres. Atingidas das regiões do Tapajós (PA), Marabá (PA), Xingu (PA), Tucuruí (PA), Baixo Tocantins (PA), Belém e região metropolitana (PA), Tocantins (TO) e Amapá (AP) realizaram o II Encontro de Mulheres do MAB na capital paraense. Esse encontro faz parte das ações previstas no projeto “Justiça Climática para o Povo Amazônico” e é subvencionado pela HORIZONT3000, com fundos procedentes de Sei So Frei Salzburg, DKA e BMK (Ministério Austríaco do Clima).

Durante o encontro, houve a construção de uma Arpilleras, uma técnica originária do Chile, na qual se costuram retalhos de tecido sobre juta. A técnica foi utilizada como uma ferramenta para denunciar as atrocidades cometidas pela ditadura de Augusto Pinochet. É com essa mesma proposta que mulheres atingidas por barragens no Brasil resgataram a técnica para denunciar violações ambientais, sociais e culturais relacionadas ao modelo energético atualmente adotado no país. Como resultado dos diálogos realizados durante o II Encontro de Mulheres, as tingidas também criaram peças bordadas com denúncias sobre justiça climática.

“Na perspectiva do MAB, as mulheres são as mais atingidas por grandes projetos. E na Amazônia isso fica mais latente, devido à presença de uma série de atividades e grandes projetos, como as hidrelétricas, as hidrovias, a mineração, o garimpo e a grilagem de terra, por exemplo. Com as mudanças climáticas, a situação das mulheres atingidas ficou mais agravada”, explica Elisa Stroline, integrante da coordenação nacional do MAB.

Durante a programação debateu-se como as catástrofes climáticas afetam especialmente a vida das mulheres, tendo em vista a mudança de rotina por conta da alteração no clima, do regime de chuvas, das queimadas, das secas e da cheia dos rios. Nas falas, as atingidas destacaram o impacto que essas mudanças têm na pesca, na produção, na lavoura e na segurança alimentar.

“Todos esses temas agora passam a ser discutidos pelas mulheres do MAB e estão sendo retratados nas Arpilleras, num processo que é de preparação também para COP 30, que vai acontecer aqui em Belém. O MAB está se preparando para participar de maneira ativa para levar a proposta dos atingidos. As mulheres vão ter protagonismo muito grande nesse processo e as Arpilleras são uma ferramenta também desse protagonismo, desse diálogo com a sociedade a nível internacional”, explicou Elisa.

A ideia é que as Arpilleras bordadas pelas mulheres amazônicas sejam expostas durante a COP 30, em Belém, período o qual também será realizado o Encontro Internacional dos Atingidos.

Imagem: Atingidas de 8 regiões da Amazônia se reuniram no II Encontro de Mulheres do MAB. Foto: Roberta Brandão/MAB.

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.

cinco × quatro =