Conflitos no campo seguem em alta no Brasil, alerta Pastoral da Terra

Foram registrados 2.203 conflitos em 2023, aumento de quase 10% em relação a 2022 e o maior número desde o início dos levantamentos, em 1985.

ClimaInfo

Pouca coisa mudou no cenário de violência no campo no 1º  ano do 3º mandato do presidente Lula. No ano passado, foram registrados 2.203 conflitos, quase 10% mais que em 2022, e o maior número de registros desde o início dos levantamentos feitos pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), em 1985. Os conflitos em 2023 superaram os 2.130 contabilizados em 2020, até então o ano com mais conflitos registrados.

Há, porém, um pequeno alento na 38ª edição da publicação Conflitos no Campo Brasil, elaborada anualmente pela CPT, destaca o Projeto Colabora. Houve queda no número de violência contra pessoas – incluindo uma diminuição significativa, de quase 34%, no número de assassinatos: foram 31 homicídios em 2023, 16 a menos do que os 47 registrados no campo em 2022.

Em relação aos conflitos, o saldo foi puxado pelas disputas por terra, que aumentaram pelo segundo ano consecutivo e chegaram a 1.724 no ano passado. Em 1.588 deles houve violência, tendo entre os principais causadores fazendeiros (31,2%), seguidos por empresários (19,7%), governo federal (11,2%), grileiros (9%) e governos estaduais (8,3%), detalha a Folha.

A ocorrência mais registrada são as invasões (359), seguida por pistolagem (264) e destruição de pertences (101). A região Norte concentra o maior número de conflitos: foram 810 casos. O relatório chama atenção para a região da AMACRO, que abrange 32 municípios de Acre, Amazonas e Rondônia e se tornou um epicentro da grilagem. Entre os estados, lideram Bahia (249), Pará (227), Maranhão (206), Rondônia (186) e Goiás (167).

Segundo a CPT, nos conflitos por terra, os indígenas são a categoria que mais sofre violências: 29,6%. A falta de demarcação de terras e as invasões são uma realidade constante enfrentada por essa população, o que contribui para as mortes violentas, reforça o Nexo.

A coordenadora nacional da CPT, Andréia Silvério, afirma que desde 2016 houve um aumento nos conflitos no campo, mas que se intensificou durante os quatro anos do governo Bolsonaro, informa a Repórter Brasil. Ela ressalta que as ideias de extrema direita promovidas pelo ex-presidente ainda estão presentes em diversas esferas de poder, como em governos estaduais, prefeituras, assembleias e nas câmaras municipais, contribuindo para a escalada da violência no campo. “Bolsonaro fomentou um ódio que já existia, que é o ódio do latifúndio contra os trabalhadores sem-terra, indígenas e quilombolas”, destacou.

Agência BrasilCarta CapitalTV CulturaCNN e SBT também destacaram o recorde de conflitos no campo em 2023.

MST

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