Em Campina Grande (PB), danos das energias renováveis nos territórios são discutidos em reunião entre organizações sociais e a ministra de Ciência e Tecnologia

Na CPT

No último sábado, 22, movimentos sociais e entidades se reuniram com a ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos, em Campina Grande (PB), para conversar sobre o modelo de energias renováveis que está sendo implantado no território paraibano.

Estiveram presentes quase 20 organizações sociais, inclusive a Comissão Pastoral da Terra (CPT). Todas elas vêm discutindo e denunciando o modelo predador, que expulsa famílias, adoece pessoas e animais, além de reduzir a produção de alimentos.

Ednalva, da comunidade Quilombola da Serra do Abreu, localizada no município de Nova Palmeira, no Seridó paraibano, contou como o território está sendo ocupado por dois grandes parques eólicos e os/as quilombolas não sabem mais a quem recorrer, já que os políticos do município concordam com os projetos.

A ministra Luciana sugeriu levar o assunto ao núcleo do governo e ao ministro Márcio Macedo, chefe da secretaria-geral da Presidência da República, e também tratar com o próprio presidente Lula. Ela falou que seria interessante articular uma rede de pesquisa para estabelecer protocolos e regulamentos que impeçam os abusos que, de acordo com os depoimentos, estão acontecendo.

As organizações destacaram que já existe uma rede de pesquisadores e juristas articulados pelo Ministério Público Federal (MPF) da Paraíba que estão estudando e elaborando proposições em decretos e portarias existentes.

José de Anchieta de Assis, engenheiro florestal e representante do CERSA, entregou o documento “Salvaguardas socioambientais para energia renovável”, lembrando que é uma compilação construída por várias mãos de representantes de organizações, movimentos sociais e comunidades articulados pelo ClimaInfo através do Nordeste Potência.

O professor Cidoval Pereira, da Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), ressaltou que é dever da ciência se preocupar com estudos que resolvam os problemas locais, tornando as comunidades resilientes.

Vanúbia Martins, da CPT, lembrou que naquele dia a organização celebrou 49 anos de existência. Desde sua criação, a CPT luta pela democratização da terra e das águas, tendo como uma das pautas a defesa da Reforma Agrária. Essa luta agora está sob risco diante dos grande empreendimentos, enquanto o povo camponês do Nordeste tende a migrar para as periferias urbanas por não ter onde viver. “‘Nunca foi a seca, sempre foram as cercas’ – nós dizíamos e agora uma grande cerca invisível deixa o título e leva a posse da terra do povo”, disse a agente pastoral.

A reunião foi articulada junto ao mandato da vereadora Jô Oliveira aproveitando a estadia da ministra em Campina Grande para participar de uma plenária do PCdoB, partido que Luciana Santos é presidenta nacional.

Foto: Arquivo SAR

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