Mineração na Região Amazônica aumentou em mais de 1.000% em 39 anos, aponta Mapbiomas

Plataforma analisou dados de vegetação e uso do solo em nove países no período de 1985 a 2023

Carolina Bataier, Brasil de Fato

Nos últimos 39 anos, a Região Amazônica perdeu uma área de floresta quase equivalente ao tamanho da Colômbia. Foram 88 milhões de hectares de mata transformados em pastagens, lavouras e terrenos de mineração. Os dados foram apresentados na última quinta-feira (26), no lançamento do relatório da Coleção 6 do Mapbiomas Amazônia, que apresentou análises de desmatamento e uso do solo nos nove países que compõem Região Amazônica, no período de 1985 a 2023.

A análise de imagens de satélite revela que, nos pontos onde a floresta foi reduzida, o uso do solo para mineração legal e ilegal cresceu em 1.063% no período; para a agricultura, em 598% e para as pastagens, em 297%.

“A mensagem mais clara neste momento é que a Amazônia está mudando”, alertou Rodrigo Lazo, Especialista Mapbiomas Amazônia, no evento de lançamento dos dados.

As Terras Indígenas (TIs) e Áreas Naturais Protegidas (ANPs) ainda são as mais preservadas, somando 6,5% do desmatamento, enquanto os 93,5% restantes ocorreram fora desses espaços, em propriedades privadas e terras públicas não destinadas. Embora sejam os territórios mais preservados, as TIs vivem sob a ameaça da mineração, que aumentou em 1.445% nesses territórios no período analisado. Foram 138 mil hectares de floresta devastados pela atividade minerária. Nas ANPs, a área de mineração aumentou em 858%.

O Mapbiomas Amazônia é uma iniciativa da Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (Raisg), que define a Região Amazônica como uma macrorregião de 847 milhões de hectares, entre Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Além da Amazônia, que concentra 71% do desmatamento, a região engloba outros sete biomas. 23% da perda de vegetação nativa ocorreram na savana tropical do Cerrado brasileiro; 4% na floresta seca tropical Chiquitano da Bolívia; e 2% foram divididos entre os biomas da floresta seca do Chaco, na Bolívia, o Pantanal, no Brasil, o Tucumano-boliviano, os Vales da Bolívia e os Andes, que se estendem pela Colômbia, Equador, Peru e Bolívia.

De acordo com a nota publicada pelo Mapbiomas, se essa tendência continuar, em poucos anos a Amazônia caminhará para um processo irreversível de savanização e conversão em pastagens. A perda de florestas continuará liberando grandes quantidades de CO₂ na atmosfera, acelerando ainda mais o aquecimento global e reduzindo o habitat de milhares de espécies

“Os governos dos países amazônicos devem agir de forma coordenada para conter o avanço das pressões e ameaças, como o desmatamento, a mineração e o narcotráfico, avançar em alternativas econômicas sustentáveis e promover a restauração ambiental em escala regional”, diz Angélica García, secretária-executiva da Raisg. “Precisamos cessar totalmente o desmatamento e fazer um trabalho colaborativo de resgatar as áreas degradadas”, alerta Garcia.

Edição: Nathallia Fonseca

Foto: Tamara Saré | Agência Pará

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