Fiocruz e Movimento dos Pequenos Agricultores promovem encontro sobre saúde e campesinato

Angélica Almeida, VPAAPS

A Fiocruz e o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) realizaram o encontro Saúde e Campesinato nos dias 31 de outubro e 1º de novembro. A saúde dos povos camponeses das áreas rurais e das periferias urbanas foi o ponto central da atividade, que também refletiu sobre desafios do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre alimentação saudável.

“Alimentação é um fator fundamental na perspectiva daquilo que acreditamos como saúde, que é o bem-estar, é a dignidade das pessoas”, disse o presidente da Fiocruz, Mario Moreira, na ocasião. O presidente afirmou que “os movimentos populares são muito importantes em complementação às políticas públicas que nem sempre alcançam a população que mais precisa”, e que a atuação conjunta é uma “potência para interferir nas condições sociais do Brasil”.

De acordo com a pesquisadora da Agenda de Saúde e Agroecologia da Vice-Presidência de Ambiente, Atenção e Promoção da Saúde (VPAAPS/Fiocruz) Carolina Coelho, o encontro permitiu uma escuta qualificada sobre a história do MPA e da saúde pública, bem como a identificação de temas e projetos que podem ser aproximados e fortalecidos. “A partir disso, uma das ideias que surgiram é a construção de ações concretas, considerando os conceitos que o Movimento já tem desenvolvido sobre alimentação, mudanças climáticas, bioinsumos, produção saudável de alimentos, para dentro da Fiocruz — como em cursos, pós-graduações etc — , mas também a Fiocruz ir para os territórios em que o MPA está e desenvolver ações que melhorem a vida e saúde das pessoas”, explica.

Ao longo do encontro, várias falas reforçaram que, para o MPA, falar de saúde é tratar da própria essência do trabalho nos territórios — uma saúde que nasce da relação com a terra, do cuidado cotidiano e da prevenção. A cooperação com a Fiocruz é percebida como um impulso para ampliar essa compreensão, superar desafios e fortalecer as conexões com o SUS, partindo das práticas populares de cuidado e de promoção da soberania alimentar por meio da agroecologia.

Para Denilva Santos, da secretaria nacional do MPA, a atividade permitiu o aprofundamento das políticas públicas e do conceito ampliado de saúde. “Saúde não apenas como ausência de doença, mas na sua dimensão integral – que se associa com o acesso à terra, à moradia, à água, à alimentação —, ao falar de uma alimentação saudável, a partir dos princípios da agroecologia, que une o território, as pessoas e o meio ambiente”, disse. Segundo Denilva, o Movimento segue “com a grande expectativa do Encontro Nacional de Saúde e Agroecologia”, previsto para 2026.

“Compreender a história da saúde no Brasil é essencial para que movimentos, como o MPA, e instituições, como a Fiocruz, possam reconectar ciência e vida, articulando o cuidado com a terra, a alimentação e os corpos como dimensões inseparáveis de um mesmo projeto emancipatório”, avaliou a pesquisadora da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV/Fiocruz) Grasiele Nespoli. Cerca de 30 pessoas participaram do encontro, entre elas representantes da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz), da EPSJV/Fiocruz e do Movimento dos Pequenos Agricultores de Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia e Santa Catarina.

Imagem: A cooperação do MPA com a Fiocruz é percebida como um impulso para superar desafios e fortalecer as conexões com o SUS, partindo das práticas populares de cuidado e de promoção da soberania alimentar por meio da agroecologia (Foto: VPAAPS)

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