Um levantamento feito pelo MapBiomas e divulgado nesta 4a feira (26/4) mostrou que a área total queimada no país entre 1985 e 2022 foi de 185,7 milhões de hectares, ou 21,8% do nosso território. Esse total é comparável à soma dos territórios da Colômbia e do Chile. A média anual de área queimada no Brasil nesse período foi de 16 milhões de hectares, o equivalente ao triplo do território do estado do Rio de Janeiro.
A esmagadora maioria da área queimada brasileira se concentra em apenas dois biomas – o Cerrado, com média de 7,9 milhões de ha por ano, e a Amazônia, com 6,8 milhões de hectares/ano. Ambos também figuram entre os mais afetados pela recorrência do fogo, ou seja, o registro de mais de um episódio de queimada em períodos relativamente curtos de tempo.
Na Amazônia, a área queimada de duas a quatro vezes representa 48% de seu território; já a área queimada somente uma vez abrange 39% do bioma. Já no Cerrado, a proporção é parecida: 39% do bioma teve registro de fogo apenas uma vez no período, e outros 38% queimaram de duas a quatro vezes.
No entanto, quando comparado à extensão territorial do bioma, o Pantanal é quem concentra a maior parte proporcional queimada – 51% do seu território. Entre os estados, Mato Grosso, Pará e Maranhão lideram o ranking histórico de queimadas. Já entre os municípios, os destaques negativos ficaram com Corumbá (MS), São Félix do Xingu (AM) e Formosa do Rio Preto (BA).
O levantamento do MapBiomas oferece insights importantes para a formulação e execução de políticas públicas para combater queimadas e incêndios nos biomas brasileiros. Além de indicar as áreas com maior incidência de fogo, o mapeamento também mostra os períodos em que episódios do tipo são mais frequentes. Nacionalmente, a temporada de queimadas acontece entre julho e outubro, concentrando 79% da área queimada no Brasil. Mas o registro mensal mostra variações entre os biomas: enquanto a Caatinga experimenta aproximadamente 60% de suas queimadas entre outubro e dezembro, o Cerrado tem mais de 89% das queimadas ocorrendo de julho a outubro.
É importante ressaltar também a especificidade do fogo em cada bioma. Na Amazônia, onde ele é um fenômeno mais raro, sua ocorrência cada vez mais frequente gera preocupação entre especialistas sobre a condição da floresta de suportar e se recuperar em um contexto de crise climática. Já no Cerrado e mesmo no Pantanal, o fogo pode ser um instrumento de manejo ecológico – claro, desde que utilizado de forma correta.
Agência Brasil, CartaCapital, Folha, g1, O Globo e TV Cultura, entre outros, repercutiram os novos dados do MapBiomas para as queimadas no Brasil.
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Mayke Toscano / Secom-MT