A comunidade Ngogo em Uganda se dividiu em dois grupos. A brutalidade das mortes entre ex-companheiros surpreende os cientistas que os observam há décadas
Por Javier Salas, no El País
“Acho que o primeiro assassinato foi provavelmente um ponto de inflexão para os chimpanzés. Certamente foi um ponto de inflexão para mim.” O primatologista Aaron Sandel estava lá quando um grupo de chimpanzés matou Erroll, um macho do baixo escalão. Durante muito tempo, todos eles compartilharam um clã na comunidade de Ngogo, Uganda. Mas o grupo havia crescido muito, mais de 200 chimpanzés, algo nunca visto antes. E se dividiu. Desde 2015, cada vez que se encontravam entre as árvores frutíferas, crescia a tensão entre os grupos. Até que em janeiro de 2018, três machos do grupo ocidental seguraram este jovem de 15 anos e acabaram com sua vida com golpes e dentadas. Todos os três tinham pequenos pedaços de carne de Erroll na boca quando ele ficou estendido inerte entre as folhas. O ataque foi tão feroz que alguns de seus ossos ficaram expostos. (mais…)