No seu provável último dia, Dilma cria Conselho Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais

Por Ana Paula Cavalcanti, no Combate Racismo Ambiental

O Conselho Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais (CNPCT), órgão colegiado de caráter consultivo que fará parte da estrutura do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, foi criado através do decreto Nº 8.750, assinado segunda-feira, 9, por Dilma Rousseff.

Publicado no Diário Oficial da União de ontem (10), o CNPCT terá, entre outras, as seguintes competências:

  • promover o desenvolvimento sustentável dos povos e comunidades tradicionais, com vistas a reconhecer, fortalecer e garantir os direitos destes povos e comunidades, inclusive os de natureza territorial, socioambiental, econômica, cultural, e seus usos, costumes, conhecimentos tradicionais, ancestrais, saberes e fazeres, suas formas de organização e suas instituições;
  • atuar pela participação dos povos e comunidades tradicionais nas discussões e nos processos de implementação e de regulamentação das convenções, dos acordos e dos tratados internacionais ratificados pelo Governo brasileiro e das demais normas relacionadas aos direitos dos povos e das comunidades tradicionais;
  • estimular, propor e fomentar a criação e o aperfeiçoamento de políticas públicas que resguardem a autonomia e a segurança territorial dos povos e comunidades tradicionais;
  • propor e acompanhar a criação e o aperfeiçoamento de políticas públicas que resguardem a autonomia e a segurança territorial dos povos e comunidades tradicionais e seus direitos frente a ações ou intervenções públicas ou privadas que afetem ou venham a afetar seu modo de vida e/ou seus territórios tradicionais.

O Conselho terá 44 membros titulares, dos quais 29 representantes da sociedade civil e 15 representantes de órgãos e entidades da administração pública federal, com direito a voz e a voto, e 2 convidados permanentes, com direito apenas a voz.

Na sua composição inicial, o CNPCT será integrado pelos membros da Comissão Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais, que iniciarão o seu mandato juntamente com representantes eleitos em conformidade com edital de ampla publicidade, que disponibilizará 13 vagas para representantes titulares dos segmentos de povos e comunidades tradicionais que não integram atualmente a Comissão. São reservadas ainda 58 vagas para membros suplentes.

Os povos e comunidades representados pelo Conselho incluem:

I – povos indígenas;

II – comunidades quilombolas;

III – povos e comunidades de terreiro/povos e comunidades de matriz africana;

IV – povos ciganos;

V – pescadores artesanais;

VI – extrativistas;

VII – extrativistas costeiros e marinhos;

VIII – caiçaras;

IX – faxinalenses;

X – benzedeiros;

XI – ilhéus;

XII – raizeiros;

XIII – geraizeiros;

XIV – caatingueiros;

XV – vazanteiros;

XVI – veredeiros;

XVII – apanhadores de flores sempre vivas;

XVIII – pantaneiros;

XIX – morroquianos;

XX – povo pomerano;

XXI – catadores de mangaba;

XXII – quebradeiras de coco babaçu;

XXIII – retireiros do Araguaia;

XXIV – comunidades de fundos e fechos de pasto;

XXV – ribeirinhos;

XXVI – cipozeiros;

XXVII – andirobeiros;

XXVIII – caboclos; e

XXIX – juventude de povos e comunidades tradicionais.

Apesar de serem fundamentais para a melhoria da qualidade de vida de povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais, a realidade é que medidas como esta são tardias, frente ao possível retrocesso que tais direitos poderão sofrer em decorrência da atual conjuntura política e da provável mudança na esfera federal.

A íntegra do decreto pode ser lida AQUI.

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