Indígenas Pataxó, Tupinambá e parentes protestam contra ruralistas e entregam carta-denúncia em embaixadas de Brasília

Nota de Combate Racismo Ambiental: na verdade, a Carta entregue na embaixadas é de autoria dos Pataxó e Tupinambá, da Bahia, embora mencione questões mais amplas. Ela pode ser lida em em três fotos anexadas ao final desta matéria. (TP)

No G1 DF

Segundo o cacique Aruã, da aldeia Coroa Vermelha, na Bahia, os acordos de exportação do Brasil agridem as comunidades indígenas e restringem direitos. Presidente da Federação Pataxó e Tupinamba, o cacique reclamou de invasão das terras indígenas e o desrespeito da bancada ruralista no Congresso Nacional.

De acordo com ele, projetos como a PEC 215 – que transfere do Executivo para o Legislativo a competência sobre demarcação de terras – “atacam os direitos garantidos aos índios pela Constituição Federal”. “O pedido é que os embaixadores que estão aqui no Brasil informem os seus países sobre de onde esses produtos estão saindo, se estão violando os direitos dos povos tradicionais”, disse.

O deputado Marcos Montes (PSD-MG), presidente da Frente Parlamentar Agropecuária na Câmara dos Deputados, disse achar justo o protesto. “Eu respeito muito. O que queremos é que a vida deles melhore, tenha mais educação, saúde, bem-estar social. Isso não quer dizer que eles precisam de mais terras, e sim de dignidade. Eles têm 13% do território nacional, o que equivale a 110 milhões de hectares, enquanto nós paramos em 8%” [sic], disse.

O parlamentar falou também que aceita conversar sobre a PEC 215. “Nós estamos estudando essa situação. Se for o caso, não precisa ser de competência do Legislativo a demarcação, mas não pode ser do Executivo por decreto. Ninguém está querendo terra de ninguém”[sic], afirmou.

Segundo o funcionário [sic] do Conselho Indigenista Missionário Haroldo Heleno, os índios da etnia pataxó do extremo sul da Bahia reivindicam 50 mil hectares na região, onde há  dois parques nacionais e empreendimentos imobiliários [sic].

Os tupinambás do sul da Bahia reivindicam demarcação do território de 47 mil hectares. Hoje eles ocupam 20 mil. A região é rica em minérios e também tem muitos empreendimentos imobiliários [sic].

Danças

Em cada embaixada onde o grupo parava eram realizadas danças tradicionais de suas etnias. Um representante de cada povo entregava aos embaixadores ou servidores das representações diplomáticas um documento que descreve a situação dos índios.

“Hoje o agronegócio em si impacta direto a gente, principalmente com a bancada ruralista. A demarcação das terras indígenas, por exemplo, não está tendo. O pessoal do agronegócio diz que as terras que eles têm são poucas para produção” disse o cacique.

Participavam do protesto integrantes dos povos pataxó, tupinambá, tumbalala e guarani kaiwoa. Os índios pretendiam passar pelas embaixadas de Portugal, Rússia, Estados Unidos, França, Países Baixos, Grã-Bretanha, Canadá, Alemanha, Suécia, Finlândia, Itália, Japão, Espanha e China.

O ato contou com a presença de 150 índios e teve fiscalização do Batalhão de Trânsito da Polícia Militar. Não houve conflito.

Índio sobe em placa da Embaixada da Rússia, em Brasília, durante manifestação nesta terça-feira (5). Foto: Beatriz Pataro /G1

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Contribuição de CombateRacismoAmbiental

Leia, abaixo, a íntegra da carta entregue nas embaixadas:

carta protesto 2 carta protesto 1

carta protesto 3

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