Pescadores, garimpeiros e madeireiros estão invadindo Terra Indígena Vale do Javari.
Por Adneison Severiano, G1 AM
A Terra Indígena Vale do Javari, no Oeste do Amazonas, onde autoridades investigam a ocorrência de massacre de índios isolados, é alvo frequente de invasores que têm ameaçado a existência dos povos que habitam na região. A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) afirma que garimpeiros e madeireiros são os principais invasores. A entidade critica a falta de fiscalização da Fundação Nacional do Índio (Funai) para coibir as invasões na terra indígena de mais de 8 mil hectares de extensão.
Em nota, a Funai explicou que a área sob investigação fica nas proximidades dos rios Jandiatuba e Jutaí, próxima à fronteira com o Peru, a cerca de 1.000 km de Manaus. “A denúncia surgiu depois que alguns garimpeiros foram vistos no município de São Paulo de Olivença, no oeste do Amazonas, falando sobre o ataque. Servidores da Funai fizeram o primeiro levantamento e entenderam ser necessário apresentar a denúncia”, informou. A Fundação não se posicionou sobre a falta de fiscalização na localidade.
No fim do mês de agosto uma operação de combate ao garimpo ilegal na mesma região resultou na destruição de quatro dragas e na aplicação de multa de mais de R$ 1 milhão para seis garimpeiros por crime ambiental. A ação foi realizada com o apoio do Ibama e do Exército, no município de São Paulo de Olivença.
A Terra Indígena do Vale do Javari fica localizada nos municípios de Atalaia do Norte e Guajará. Segundo o presidente da Univaja, Paulo Marubo, as invasões ocorrem nos pontos dos territórios dos índios isolados, onde a fiscalização não tem impedido o acesso de pescadores, garimpeiros e madeireiros. A área no Rio Jutaí também sido alvo de invasores.
“Na semana retrasada, foi encontrado um grupo de pescadores perto do Rio Coari e dentro do Rio Ituí, onde os indígenas tiraram fotos com eles e ninguém fez nada. Já mandamos carta relatando a situação para Funai, que não tomou as providências. Até agora, não vimos posicionamento. Isso nos deixa preocupados com risco de extinção desses povos, pois há risco de até doenças extinguirem os índios isolados. Eles não têm anticorpos contra uma gripe, por exemplo”, declarou a liderança indígena.
De acordo com Paulo Marubo, os riscos gerados pelos invasões de garimpeiros e madeireiros já haviam sido apresentados para a Funai.
“A gente sempre apresentou a preocupação, e a Funai nem sequer se manifestou. A Funai está tendo uma ausência muito grande na região. Mandamos cartas para Brasília, mas dizem que não têm recursos e não podem fazer nada”, disse o presidente da Univaja.
Massacre
Uma investigação do Ministério Público Federal do Amazonas (MPF-AM) apura denúncia de um suposto massacre de indígenas isolados, conhecidos como ‘Flecheiros’, na Terra Indígena Vale do Javarino, no interior do Estado. As mortes foram denunciadas pela Fundação Nacional do Índio (Funai) e teriam ocorrido em agosto. Garimpeiros foram detidos e prestaram depoimentos, segundo o órgão. As informações foram confirmadas nesta segunda-feira (11).
A Funai informou que a área sob investigação fica nas proximidades dos rios Jandiatuba e Jutaí, perto da fronteira com o Peru, a aproximadamente 1.000 km de Manaus. O local é de difícil acesso.
Segundo a Funai, alguns garimpeiros foram vistos no município de São Paulo de Olivença, no Oeste do Amazonas, falando sobre o suposto ataque. “Servidores da Funai fizeram o primeiro levantamento e entenderam ser necessário apresentar a denúncia”, diz comunicado do órgão.
Sem divulgar a quantidade de detidos e data, a Funai afirma ainda que garimpeiros foram presos e conduzidos o município de Tabatinga, no interior do Amazonas, para prestar depoimento sobre o caso.
“Eles não confirmaram as mortes e, até o presente momento, nenhuma prova material foi encontrada que comprove o suposto massacre, não sendo possível, portanto, confirmar a veracidade das mortes”, diz a Funai.
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Imagem: Garimpo ilegal na região do rio Jandiatuba, localizado no município de São Paulo de Olivença (Foto: Divulgação/MPF)