Estação de tratamento de Água não está isolada, o que permite a entrada de animais. Fezes são frequentemente encontradas no local.
Por G1 AL
O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) divulgou que a comunidade indígena Kariri-Xocó, de Porto Real do Colégio, em Alagoas, está correndo riscos de saúde devido a má qualidade da água que abastece a tribo.
Segundo o Comitê, o problema está na Estação de Tratamento de Água (ETA), responsável por abastecer a comunidade. No local não há isolamento adequado, o que permite a entrada livre de animais, que contaminam a água com fezes.
A consequência do consumo da água nessas condições pode acarretar em doenças como a esquistossomose.
O pajé Carlos Alberto Suíra contou ao órgão que os problemas se agravaram a partir do último mês de maio porque o nível do rio São Francisco, que banha o município, baixou muito interferindo diretamente na qualidade do líquido, inclusive com a enorme proliferação de algas, fator que indica contaminação.
De acordo com ele, a calha do rio está distante um quilômetro da aldeia, motivo pelo qual ele não vê dificuldade para o problema ser resolvido rapidamente pelos órgãos competentes.
Diante da situação, o cacique da tribo indígena, José Cícero Queiroz Suíra, busca assistência para solucionar o problema.
“Inicialmente, recorremos à Secretária de Saúde Indígena [Sesai], que apontou como solução emergencial uma dragagem na mesma área em que se retira água. Só que isso é um paliativo. O rio está num nível muito baixo. Esse trabalho de drenagem será suficiente por dois ou três meses apenas, não mais que isso”, relatou o cacique ao Comitê.
Segundo o Comitê, em 15 de dezembro a Sesai, que é um órgão do Ministério da Saúde, se reuniu com alguns representantes da tribo em busca de soluções. A Organização Não-Governamental (ONG) Amigos do Velho Chico, Antenor Néris; e a Agência Nacional das Águas (ANA), também foram acionadas.
O Ministério da Saúde informou por meio de nota ao G1, que iniciou diálogo com a prefeitura de Porto Real e a Companhia de Desenvolvimento do Rio São Francisco (Codevasf) sobre os problemas da ETA, bem como comunidade indígena Kariri-Xocó.
“Vale destacar que atualmente a estação está em funcionamento, embora tenham sido identificadas algumas ligações clandestinas, que dificultam o abastecimento e o tratamento da água”, diz um trecho da nota.
Além disso, informou que o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI AL/SE) participa constantemente de reuniões junto ao Comitê, para buscar melhorias de infraestrutura e ampliar o abastecimento de água no local.
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Imagem: Falha na Estação de Tratamento de Água deixa a tribo Kariri-Xocó em risco (Foto: CBH Rio São Francisco/Divulgação)