20 Princípios para Uma Mobilização Comunitária Bem Sucedida

O livro de Kahn, “Creative Community Organizing: A Guide for Rabble-Rousers, Activists and Quiet Lovers of Justice” (Mobilização Comunitária Criativa: Um Guia para Agitadores, Ativistas e Amantes Quietos de Justiça), é um manifesto para os politicamente ativos

Si Kahn – RioOnWatch

Fui um agitador e ativista social por 45 dos meus quase 66 anos, e ganhei minha vida como um profissional de direitos civis, trabalhistas e mobilizador comunitário, e também como um artista. Em minhas memórias políticas, Mobilização Comunitária Criativa: Um Guia para Agitadores, Ativistas e Amantes Quietos de Justiça (Berrett-Koehler, 2010), relaciono histórias de algumas das grandes campanhas de reforma social na história americana recente, das quais tive o privilégio de desempenhar um papel–incluindo o Movimento dos Direitos Civis do Sul, a greve dos mineiros de carvão do Condado de Harlan e a luta para abolir prisões privadas geridas por fins lucrativos e detenção de famílias imigrantes. O livro tem lições que espero que inspirem e motivem uma nova geração de mobilizadores comunitários e jovens ativistas–e qualquer outra pessoa que procure causar impacto nas suas comunidades, desde músicos e donas de casa, até professores e políticos.

O que se segue é uma lista de lições e princípios rápidos, uma espécie de manifesto para os mobilizadores comunitários de hoje.

“Liberdade, a liberdade é uma coisa duramente conquistada, e cada geração tem que conquistá-la novamente.”

1. A maioria das pessoas é motivada principalmente por interesse próprio. Como um mobilizador comunitário criativo, você está sempre tentando descobrir o interesse comum às pessoas, a cola que une as organizações e movimentos políticos.

2. Instituições e pessoas que detêm poder sobre outras pessoas raramente são tão unidas quanto aparentam inicialmente. Se você não pode ter uma pessoa ou instituição (destas) que o apoie, você deve fazer tudo o que estiver ao seu alcance para convencê-los de que é do interesse deles ficar de fora da luta.

3. Inicie o processo de desenvolvimento estratégico do movimento imaginando aquele instante imediatamente antes da vitória. Então, trabalhando de trás para frente, faça o melhor para descobrir os passos que levarão a esse momento.

4. Geralmente é útil, como parte de qualquer campanha de mobilização comunitária criativa, concentrar em defender algo positivo além de se opor a algo negativo.

5. Quanto mais complicada for uma estratégia ou tática, mais difícil será realizá-la, e menos provável que seja bem-sucedida. Você pode pedir que um grupo de algumas pessoas façam muito pela campanha, particularmente os ativistas comprometidos. Porém se você deseja que centenas ou milhares de pessoas participem da campanha, você precisa pedir a grande maioria delas para fazer uma coisa e somente uma.

6. Você precisa acreditar que os seres humanos, não importa o quanto eles se odeiam, que eles podem de alguma forma encontrar alguma conexão comum. Para fazer isso, deixe seus estereótipos de lado.

7. Na vida real e em campanhas reais por justiça, as pessoas estão sempre parcialmente unidas, parcialmente divididas. Cabe a você reforçar a união e compensar as divisões entre as pessoas com quem trabalha.

8. Nunca deixe que ninguém lhe diga que as manifestações só foram eficazes na década de 1960–que no século XXI, precisamos encontrar outras maneiras menos conflituosas de fazer ouvir nossas vozes.

9. Tenha absoluta certeza de que as pessoas com quem trabalha realmente compreendem os riscos que estão assumindo, as coisas que podem dar errado, e as perdas que podem sofrer, antes de tomar a decisão de agir, individualmente ou em conjunto.

10. Uma das maiores habilidades que um mobilizador pode ter é a capacidade de conceber e fazer perguntas de modo que as pessoas não só desejam respondê-las, mas também desejam pensar profundamente, de formas imprevistas, sobre quais seriam as respostas.

11. O riso é realmente terapêutico, e a esperança cura. Seja alegre diante da adversidade e ajude os outros a se sentir assim.

12. Quanto mais você estiver seguro de si mesmo, de suas experiências em outras comunidades e campanhas, mais você tem que se esforçar para evitar a arrogância de pensar que você sabe o que é certo para outras pessoas.

13. Quando uma instituição que tem responsabilidade por pessoas em geral não está fazendo seu trabalho, uma opção é construir outra organização para desafiar a primeira e forçá-la a fazer o que é certo. Ainda outra opção é de não apenas criar uma organização alternativa, mas usá-la como base para uma campanha para assumir a instituição original.

14. Quando aqueles que estiveram sem poder ganhá-lo, não há garantia de que eles exercerão o poder de forma mais democrática do que aqueles que o tiveram antes.

15. O poder da cultura pode ser um antídoto para a incapacidade das pessoas de ver além de seu “próprio povo” ou situação. A cultura pode transformar a consciência e tornar a mudança social transformadora em vez de meramente instrumental.

16. Mobilizadores são frequentemente injustamente acusados por aqueles que estão no poder, de incitar a violência. Isso é uma mentira que precisa ser extinguida. É apenas uma tática que a oposição usa para desacreditar a mobilização. Mobilizar para fechar uma prisão, colocar uma empresa exploradora para fora dos negócios, garantir que um assediador sexual seja demitido–isso não é violência. É justiça.

17. Vá não só com o que você conhece, mas com quem você conhece. Mesmo na era da internet, os relacionamentos pessoais ainda contam, especialmente quando você está pedindo que as pessoas façam algo. Ao recrutar voluntários, dê-lhes uma lista específica de necessidades da campanha a partir das quais eles possam escolher.

18. (Cuidado!) É muito fácil deslizar da posição de suporte a uma mobilização comunitária para tornar-se seu líder ou porta-voz–mesmo não sendo realmente um membro dessa comunidade.

19. Nós nunca podemos verdadeiramente prever o que seres humanos trabalhando juntos podem realizar. Portanto, nunca podemos nos comprometer com a injustiça.

20. A amada comunidade da qual o Martin Luther King, Jr falou, em vez de ser algo na qual chegaremos em algum dia la no futuro, pode ser algo que experimentamos um pouco todos os dias enquanto, como mobilizadores comunitários criativos, caminhamos e trabalhamos para isso.

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