Ministro cai por caso de corrupção e Temer põe Eliseu Padilha de interino?. Por Leonardo Sakamoto

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Não passou despercebido que, em meio à crise instalada no Ministério do Trabalho pela Operação Registro Espúrio (que levou ao afastamento e à demissão do responsável pela pasta), Michel Temer tenha nomeado Eliseu Padilha como interino.

Ou seja, o ministro-chefe da Casa Civil, apontado como um ativo membro do “Quadrilhão” do MDB pela Polícia Federal, denunciado pelo Ministério Público Federal no âmbito da Operação Lava Jato por fazer parte do grupo que vendia facilidades junto a Petrobras, Furnas, Caixa, entre outras instituições públicas, conhecido como “Fodão”, “Primo” e “Bicuíra” nas planilhas de propina da Odebrecht, acusado de mal comportamento com a coisa pública nos governos do PSDB e do PT, assumiu como uma espécie de interventor no momento em que a cúpula do ministério é acusada de corrupção.

Isso seria equivalente a Tite afirmar que Romelu Lukaku reforçará o ataque da seleção brasileira antes do jogo desta sexta. Parece absurdo, mas se você olhar de perto e perceber que o ocupante do Palácio do Planalto foi colocado onde está pelos belgas, até que faz sentido.

Em tempos de Reforma Trabalhista e de Lei da Terceirização Ampla, o ministério deveria ser coordenado por alguém que conheça a fundo a CLT (ou o que restou dela), as convenções da Organização Internacional do Trabalho das quais o país é signatário e que conte com experiência no diálogo tripartite entre patrões, empregados e governo. Alguém capaz de mediar os conflitos que estão surgindo por causa dessas mudanças legais.

Mas Temer não apenas manteve o padrão de indicações ao ministério – favoráveis a empresários em detrimento aos trabalhadores – como também deixou claro que pudor é algo do passado. Em suma, o último tapa-sexo caiu com o “Fodão” assumindo como ministro interino do Trabalho.

Vivemos um período de assentamento das interpretações das mudanças – que terão efeito direto na fiscalização coordenada pelo ministério. Mesmo que Temer tenha sido colocado onde está por parte do setor empresarial exatamente para executar reformas como a Trabalhista, ele deveria indicar alguém – seja interino ou efetivo – que consiga garantir um mínimo de isenção e equilíbrio para este momento.

Alguém que não transforme a instituição em puxadinho de associações empresariais e grandes corporações, nem de sindicatos, mas que zele pela qualidade de vida dos trabalhadores e pelo respeito aos contratos de compra e venda da força de trabalho. Pelos nomes que circulam na imprensa como possíveis efetivos, isso não deve acontecer.

De certa forma, a triste desclassificação precoce do Brasil da Copa do Mundo tem um efeito positivo. O governo federal e o Congresso Nacional perdem a cortina de fumaça que tinham para fazer lambanças contando com o fato de que boa parte do povo e da imprensa estavam de olho na Rússia. E não foi pouco, não.

Foto: Geraldo Magela/ Ag. Senado

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